A Disney (DISB34) prometeu aos investidores na primavera de 2019 que um novo serviço de streaming de vídeo conquistaria entre 60 milhões e 90 milhões de assinantes até 2024. Estava se referindo, claro, ao Disney+, que superou essa previsão de maneira espetacular, atingindo sua meta de assinantes de cinco anos em apenas oito meses.
Ao fazer isso, está cumprindo o plano de transformação digital iniciado há três anos por Bob Iger, chefão de longa data da companhia.
No Brasil, a plataforma estreia terça-feira (17).
As informações são do The Economist.
Star Wars e The Mandalorian
A força do marketing, crucial para o sucesso, foi impulsionada pela série “The Mandalorian”.
O programa é um western espacial inspirado em “Star Wars”, inclusive com personagens da saga de George Lucas.
Tamanha é sua popularidade que a Disney demorou a atender a demanda por um brinquedo de pelúcia de seu personagem bebê Yoda.
A pandemia eliminou os temores de que a Disney+ e outros novos serviços de streaming, como HBO Max e Apple TV+, pudessem ter dificuldades para atrair consumidores famintos.
Entretanto, os lockdowns significam horas extras para passar o tempo.
Disney+, uma babá confiável
Em meio ao fechamento de escolas, a Disney+ tem sido uma babá tão confiável quanto a babá andróide do bebê Yoda.
De todos os novos serviços de streaming, o Disney+, lançado em março, assim que os bloqueios começaram, pode se considerar um bem-sucedido típico.
Primeiramente, pelo avanço rápido na conquista de clientes. Depois, pelo impacto nas contas da própria companhia.
Mesmo assim, não tocou o líder, a Netflix (NFLX34), que tem 195 milhões de assinantes em todo o mundo e mais de 70 milhões apenas nos EUA.
A Disney+ está em quarto lugar, atrás da líder Amazon Prime, com mais de 120 milhões de assinantes nos EUA, da Netflix, Hulu (mais de 30 milhões) e HBO Max e Now (quase 30 milhões).
Disney+ ajudou a proteger as ações
Os outros negócios da Disney sofreram por causa da pandemia.
Parques temáticos foram fechados, assim como cinemas e eventos esportivos, que foram cancelados e cobraram seu preço.
Em três meses, a Covid-19 pulverizou US$ 3,5 bilhões dos lucros operacionais de sua divisão de parques, experiências e produtos.
A empresa deve relatar outro prejuízo trimestral em 12 de novembro.
No entanto, os ganhos de assinantes do serviço de streaming ajudaram a proteger o preço das ações da empresa.
Caiu, mas muito menos do que seus pares.
Para se ter uma ideia, as ações da empresa caíram apenas 4,34% este ano (6,64%, de março para cá, quando a pandemia começou a fazer seus estragos na parte econômica).
Os BDRs da Disney no Ibovespa subiram 4,05%, desde 14 de outubro, quando passaram a ser negociados em bolsa.
Sucessão na empresa
O rápido sucesso da Disney+ também sublinha uma dúvida sobre a empresa – se a escolha do sucessor de Bob Iger foi correta.
O favorito para o cargo principal era Kevin Mayer, que projetou e lançou o Disney+.
Entretanto, Iger escolheu Bob Chapek, um talentoso executivo operacional que administrava parques temáticos.
“Dado o grande sucesso da Disney+, é ainda mais difícil entender como o executivo do parque temático e do entretenimento doméstico conseguiu o cargo”, questiona Rich Greenfield da LightShed Partners, uma empresa de pesquisas, ao The Economist.
Assim, Mayer acabou deixando a Disney no meio deste ano.
O futuro do serviço
Chapek vai apostar pesadamente no Disney+?
A empresa como um todo gasta quase US$ 30 bilhões por ano em conteúdo original e aquisições, mas este ano reservou apenas US$ 1 bilhão para a Disney+.
A Netflix gasta US$ 15 bilhões por ano.
Vale lembrar que são os conteúdos originais (e novos) que fazem a diferença para o consumidor médio deste tipo de serviço.
A rica biblioteca da Disney+ é suficiente para manter os menores de dez anos envolvidos, mas pode perder assinantes, a menos que ofereça regularmente alimento farto para adultos.
Third Point, um investidor ativista, quer que a Disney pare com seus dividendos e gaste US$ 3 bilhões por ano na Disney+.
E o cinema?
A Disney poderia fazer mais do que isso se fosse “all-in” no streaming, abandonando seu sistema atual em que, por exemplo, filmes de grande orçamento vão exclusivamente para os cinemas, e colocando tudo o que faz no Disney+ de uma vez.
O serviço poderia gastar tanto quanto o Netflix e aumentar seu preço de US$ 6,99 por mês para mais de US$ 10.
Isso seria um grande negócio global, mas há o perigo de canibalizar rapidamente as partes existentes do império da Disney.
Assim, é mais provável que a Disney mova novos conteúdos mais rapidamente para o serviço de streaming.
Ademais, poderia combinar Disney+ com o Hulu, um serviço de streaming de vídeo separado e bem-sucedido do qual a empresa assumiu o controle no ano passado.
A empresa deve anunciar em dezembro que vai gastar muito mais em conteúdo para o serviço.
Todos os olhos estarão voltados para se Chapek parece tão ligado ao futuro brilhante do streaming quanto Iger. Quem estará com “a força”?
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