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De olho em retomada do comércio, setor de varejo une forças

De olho em retomada do comércio, setor de varejo une forças

A compra da Cia Hering (HGTX3) pelo Grupo Soma (SOMA3) foi uma novidade bem aceita pelo mercado. Com uma oferta de R$ 5,1 bilhões, a Soma abocanhou a Hering, após a empresa ter negado a Arezzo (ARZZ3) aproximadamente duas semanas antes.

O BTG Pactual (BPAC11) afirmou em relatório, antes da divulgação do negócio, que as varejistas de vestuário e calçados poderiam se beneficiar em 2021 devido à demanda reprimida em 2020. É possível ver, portanto, o início de um movimento de consolidação do setor.

Momento certo para fusão

O momento, de acordo com Luis Sales, estrategista-chefe da Guide Investimentos, é de consolidação do setor. Com fusões e aquisições, empresas maiores adquirindo menores, a perspectiva é de saída da crise, com necessidade de grandes investimentos.

“As empresas que tiverem mais capacidade de investimento em marca, em tecnologia, em logística e e-commerce, que são investimentos mais caros no momento, vão se sair melhor”, afirma. Para ele, a junção de Grupo Soma e Cia Hering fazem sentido para alcançar uma melhora nesses investimentos.

Perspectivas para Hering

De acordo com Pedro Serra, gerente de Research da Ativa Investimentos, as companhias acreditam que a junção aumenta o mercado endereçável. “Além do alcance de sinergias operacionais que deve alavancar a margem bruta, como também através de maior eficiência em despesas e investimentos”, afirmou.

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André Pimentel, sócio da Performa Partners, afirma que a Hering está passando por um momento de reestruturação. “Faz bastante sentido que uma companhia com o apetite como a Soma encontre condições vantajosas pra fazer uma fusão com uma companhia que tem boa marca e que precisa de apoio”.

O grande desafio é, entretanto, o processo de integração da Hering. “Isso, provavelmente, deve estar tirando o grupo da busca por novas aquisições por um bom período”, afirma. André explica que, as prioridades serão internas e a integração total da operação deve tomar ao menos dois anos do Grupo Soma.

Performance na bolsa

Em Debate EQI com Aline Cardoso da EQI Asset, André Arantes e Luis Fernando Versa da Versa Fundo de Investimentos, os especialistas afirmaram que as ações do setor de varejo de vestuário se mantém abaixo do patamar pré-pandemia.

“Depois que começou a segunda onda, o varejo de vestuário voltou para o low da pandemia. O varejo online foi o único que se destacou, mas mesmo assim acabou sofrendo”, afirmou Luis Fernando. De acordo com ele, o reforço de medidas de isolamento social causou essa queda.

“Mas a gente sabe que a pandemia não é pra sempre. Ao fim da primeira onda [de Covid-19], a recuperação foi muito forte, principalmente no início do último trimestre de 2020”, disse.

Aline Cardoso acredita que os papéis estão muito “amassados”. “A maior parte deles está negociando a 30%, 40% abaixo do preço pré-pandemia. É lógico que as vendas estão deprimidas também, já que as lojas ficaram fechadas”.

Em relação ao cenário de Soma e Hering, Luis Fernando vê potencial no de marca e presença online da Hering com os conhecimentos da Soma. Isso reflete também na nova direção estratégica que a empresa escolheu seguir, ao tentar se reconectar com um público mais jovem. E, agora com a pandemia, a digitalização foi acelerada.

“O jogo do varejo está mudando daquele consumo na loja, para um consumo híbrido. Você gera a vontade a vontade da pessoa no online e leva a pessoa à loja”, completou Versa.

Criando o 5º maior player do setor de vestuário brasileiro

Conforme relatório da BTG Pactual, o Grupo Soma está pagando 26x o lucro líquido futuro normalizado da Hering. Contudo, o múltiplo não inclui sinergias de custos e receita, nem o resultado de um turnaround potencial.

Com a expansão do mercado endereçável do Grupo Soma em 3,7x, chega a R$ 110 bilhões (vs. R$ 30 bilhões atualmente). Isso se deve a empresa entrar nos segmentos de vestuário casual e básico, antes um segmento não ocupado em seu portfólio. Portanto, há criação do quinto maior player no mercado de vestuário do Brasil. A receita é de R$ 3,3 bilhões com base em números de estimativas proforma de 2021 (embora com apenas 2,5% de participação de mercado) e 1.042 lojas (em 2020).

Luis Sales ainda afirma que a fusão tem diversos objetivos, mas traz sua dose de desafios. “A integração das duas empresas deve ser devagar, algumas sinergias terão processos mais rápidos, como novos produtores e colaborações entre as marcas”, diz. “Mas, a integração de custos, investimentos e estratégico pode demorar mais um pouco”.

Do lado positivo, a Hering com o Grupo Soma é a junção de expertises. “A Soma, com um cenário de marcas premium, sabendo operar bem o digital e a Hering, agregando com a história de produção, o parque industrial, conhecimento B2B com lojas e franquias”, explica.

“As duas companhias projetam sinergias na casa de R$ 200 milhões por ano, é um valor elevado mas possível de ser atingido”, completou.

Próximos negócios

Ainda na expectativa, o mercado observa se haverá algum evento novo nesse nível. Com a aceleração desses negócios, a sensação é que há mais peso e solidez para o setor. Por outro lado, há mais concentração e possivelmente, mais risco.

“Esse é o momento muito apropriado para negócios desse tipo. Especificamente no setor de varejo de vestuário, ficaram poucos players agora”, diz Pimentel.

A energia criada este mês gera expectativa. Além da Arezzo, que foi rechaçada, os próximos passos da Lojas Renner (LREN3) são observados atentamente. Após os anúncios da semana, espera-se pela capacidade de reação das duas empresas. A Renner comunicou que estuda uma nova oferta de ações

A Renner já contratou bancos para a nova oferta, que pode chegar numa arrecadação de até R$ 6,5 bilhões. Especializado em e-commerce, que é o fraco da empresa, alvo seria a aquisição da Dafiti.

A Arezzo, entretanto, já deixou claro que não vai competir com o Grupo Soma pela Hering. É possível assumir que a empresa de calçados parta para a caça de outra companhia, com o aquecimento do setor de varejo de vestuário.

Sobre o Grupo Soma

O grupo é a maior plataforma de marcas de moda premium do país, destinadas ao público A e B, em termos de receita líquida. “A companhia está entre as 50 maiores empresas do e-commerce brasileiro, e é o líder do e-commerce no setor de varejo de moda brasileiro. Por meio de seu portfólio diversificado e complementar de marcas de alto padrão, consegue cobrir uma grande variedade de estilos e ocasiões para mulheres, homens e crianças”.

A companhia possui as marcas Animale, Farm, Fábula, A.Brand, Foxton, Cris Barros, Off Premium, Maria Filó e mais recentemente NV. Suas marcas são comercializadas para mais de 900 mil clientes em mais de 221 lojas próprias, distribuídas em 22 estados brasileiros e 2 estados americanos, e, ainda, para cerca de 3 mil revendedores multimarcas.