A Natura (NTCO3) é a quarta maior empresa de cosméticos do mundo e está entre as 10 maiores na venda direta. Dona das marcas The Body Shop, Aesop e Avon, a companhia brasileira tem valor de mercado próximo de R$ 60 bilhões.
Nos últimos 10 anos, suas ações tiveram valorização de 198% contra 43,2% do Ibovespa. Somente em 2020 seus papéis acumulam alta superior a 20%.
Amanhã, dia 13, a Natura fará uma oferta global (de ações e ADRs) para levantar R$ 5,6 bilhões. O objetivo é acelerar o crescimento e reduzir o endividamento. Por isso, o resultado da oferta deve mexer com os papéis da companhia.
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O que você verá neste artigo:
Nova oferta pública de ações
No dia 13 de outubro a Natura irá a mercado para captação de R$ 5,6 milhões. As novas ações começarão a ser negociadas na B3 a R$ 46,25.
Além da captação na bolsa, a nova oferta também será realizada no exterior sob a forma de American Depositary Receipts (ADRs).
Com isso, o novo capital social será elevado para R$ 12,586 bilhões, dividido em 1,3 milhão de ações ordinárias.
Em maio último, a companhia já havia captado R$ 2 bilhões. Segundo a empresa, o objetivo da operação é acelerar o crescimento nos próximos três anos. Além disso, busca-se otimizar a estrutura de capital, reduzindo a alavancagem em dólar, que, hoje, corresponde a 50% das dívidas da empresa.
Para a Moody’s, essa nova emissão será positiva para o perfil de crédito da Natura. Isso porque os recursos serão utilizados para a compra de US$ 900 milhões de notes da Avon, que vencerão em 2022. Segundo a agência, além da melhora da estrutura patrimonial, isso poderá acelerar a estratégia de crescimento da Natura e a integração da Avon.
Expectativas para as ações
Atualmente, as recomendações sobre os papéis da Natura dividem as opiniões de especialistas.
No início de outubro, o BTG Pactual manteve a recomendação neutra com preço alvo de R$ 40. Todavia sinalizou que vai revisar os números quando contemplarem a nova estrutura de capital.
Para o banco, o aumento de capital poderá reduzir o endividamento da empresa, o que é um ponto de preocupação para o mercado. Entretanto, considera que a recuperação da Avon continua sendo um desafio, mesmo com as sinergias esperadas na integração.
Por sua vez, a Ágora Investimentos elevou a recomendação dos papéis da empresa para compra, com preço-alvo de R$ 60. Conforme analistas, o otimismo se justifica pelo ciclo de lucro esperado com o bom desempenho das marcas e pela sinergia com a Avon.
Finalmente, no final de setembro, o Goldman Sachs manteve a recomendação de venda para as ações, com preço alvo de R$ 32. Segundo o banco, a oferta pública prevista para 13 de outubro poderia reduzir de 4,8 vezes para 2 vezes a relação entre dívida líquida e Ebitda. Entretanto, declarou não ter uma opinião formada sobre as chances de a Natura realmente levantar os R$ 6,2 bilhões previstos.
Histórico e evolução da Natura
A empresa iniciou suas atividades como indústria e comércio de cosméticos, em 1969. Porém, o atual modelo de negócios de venda direta veio somente em 1974.
Nos anos seguintes, a Natura inovou no mercado com o lançamento de produtos sustentáveis. Nesse sentido, as vendas de itens em refil foram pioneiras, e se tornaram uma forte característica da empresa.
Em 1982 a Natura iniciou seu processo de internacionalização, por meio de um distribuidor no Chile. Logo após, expandiu para toda a América Latina, parte da Europa e EUA.
Em 2004 foi a vez da companhia fazer a sua primeira oferta pública de ações, na Bolsa de Valores de São Paulo. Um ano depois, inaugurou a sua primeira loja em Paris.
De 2006 a 2007 a companhia realizou importantes ações voltadas à sustentabilidade. Aqui, vale destacar a não utilização de animais em testes e o Programa Carbono Neutro, para redução das emissões de gases.
Há quase dez anos, a Natura iniciou a sua expansão através de aquisições internacionais. A primeira delas foi a marca australiana de cosméticos Aesop, em 2012.
Cinco anos depois, foi a vez da The Body Shop, que pertencia à L’Oréal. Nesse sentido, as duas marcas tinham algumas características em comum, como o foco em insumos naturais e a não utilização de animais em testes. Segundo informações da época, o negócio foi estimado em 1 bilhão de euros.
Por fim, em 2019 a Natura consolidou como gigante global do setor com a compra da Avon. Com essa negociação, passou a ser a quarta maior empresa mundial do segmento.
Estrutura da empresa após aquisições
Atualmente, a Natura conta com 58 lojas físicas no Brasil e 9 no exterior. Possui, também, cerca de 400 lojas franqueadas.
Por sua vez, a The Body Shop está presente em 73 países, com quase 3 mil lojas, e a Aesop, em 23 países.
Após a compra da Avon, a receita da companhia ficou mais equilibrada. Isso porque, antes da negociação, o Brasil representava 44% das vendas totais da Natura. Porém, com a incorporação, esse percentual passou a 32%.
Vale destacar, também, o aumento da força de trabalho da companhia.
Antes da aquisição da Avon, a Natura tinha cerca de 1,7 milhão de consultoras. Hoje em dia, esse número já ultrapassa 4 milhões de profissionais na América Latina.
Resultados da Natura
No segundo trimestre de 2020, a receita líquida consolidada foi de R$ 7 bilhões, representando queda de 12,7% frente ao mesmo período de 2019.
Nesse mesmo período, a companhia teve prejuízo de R$ 392 milhões, revertendo, dessa forma, o lucro líquido de R$ 54,3 milhões do primeiro trimestre.
Por outro lado, a Natura anunciou um aumento de 225% no e-commerce no mesmo período. Além disso, segundo a empresa, o número de consumidores que acessaram o catálogo digital aumentou quase 60% em relação ao primeiro trimestre. Por fim, o número de pedidos nas 900 mil lojas on-line de consultoras triplicou frente a 2019.
Segundo a companhia, o investimento na transformação digital permitiu compensar, em parte, o fechamento das lojas durante a pandemia.
A Natura destaca, ainda, que aumentou sua expectativa de ganhos com as sinergias da Avon. Nesse sentido, o valor foi revisto para US$ 400 milhões, contra uma projeção inicial de US$ 300 milhões.