Hedge é um termo comum no mercado financeiro e funciona como uma das mais importantes estratégias de proteção para as operações expostas à alta volatilidade.
Seu objetivo é a fixação do preço, buscando proteger o valor dos ativos de grandes oscilações futuras: sejam positivas ou negativas.
Em um contrato de hedge, ambas as partes da negociação concordam com um preço, que deve ser cumprido dentro de um prazo estabelecido.
Na prática, mesmo que haja queda ou valorização do ativo negociado, o valor de referência para o negócio não é alterado.
Esse mecanismo vale para mercadorias, commodities, ações, títulos e/ou câmbio.
Embora não seja algo novo, muitos investidores ainda não conhecem os benefícios e riscos proporcionados pelas estratégias de hedge.
Entenda agora o que é hedge e qual a diferença em relação às alternativas de proteção de carteiras de investimentos.
O que é Hedge?
Hedge é uma estratégia de investimentos que visa proteger o valor de um ativo contra a possibilidade de variações futuras.
É uma espécie de seguro aplicado no mercado financeiro que ajuda a limitar os riscos de perdas bruscas em função da variação de preços.
É importante destacar que o objetivo do hedge não é ter lucros, mas sim, evitar perdas.
Como o hedge funciona na prática?
Conforme a tradução para o português, “hedge” quer dizer “cerca” ou “barreira”. É exatamente assim que o hedge funciona: oferece proteção contra grandes oscilações nos valores de diversos ativos.
As estratégias de hedge são comumente utilizadas no segmento agrícola, com o objetivo de evitar que a lei de oferta e demanda cause oscilações bruscas nos preços.
Por exemplo: se o preço atual de uma commodity agrícola está em um determinado patamar, mas as análises financeiras do mercado apontam para uma possibilidade de queda na demanda nos próximos meses, a tendência é que o valor do produto no futuro também caia.
Dessa forma, para proteger o valor da safra, o produtor pode garantir a venda do produto pelo seu atual valor de mercado, fazendo um contrato de venda futuro.
Com essa estratégia, se o valor cair até o momento da colheita, seu lucro está protegido. No entanto, se o preço subir, o produtor deixará de obter um lucro maior com seus produtos.
- Leia também: Como investir com foco no agronegócio? Conheça as opções.
Principais tipos de hedge
Na prática, o hedge pode ser encontrado em diversas áreas do mercado financeiro.
Veja algumas delas:
Hedge cambial
O hedge cambial tem como objetivo reduzir ao máximo o prejuízo causado pela variação das moedas no mercado financeiro.
Esse tipo de hedge, basicamente, utiliza o dólar – considerado uma moeda forte mesmo em momentos de incerteza – como estratégia de proteção para outros ativos ou operações.
Existem diversas formas de realizar um hedge cambial:
Hedge cambial em negociação de contratos futuros de dólar
Funciona com a definição de condições para compra e venda sobre a variação na cotação da moeda.
Hedge cambial com negociação de opções de dólar
O investidor assume o direito de comprar moedas no futuro, com os valores definidos no momento da contratação do hedge.
Hedge cambial com moeda em espécie
O investidor compra moedas quando o preço no mercado está em queda e vende quando os preços estão valorizados.
Investir em fundos cambiais
São ativos com rendimento atrelado à variação do câmbio.
Hedge em ações
Esse tipo de hedge tem o objetivo de proteger os investidores das oscilações na bolsa de valores.
É possível utilizar essa estratégia apostando em opções sobre ações (que veremos em mais detalhes a seguir).
A outra é utilizar contratos futuros de índices de ações, ou ainda fundos de índices (ETFs).
Hedge em commodities
A estratégia de hedge para commodities funciona a partir da negociação do preço da mercadoria em uma data futura, mas a um preço fixo.
Dessa forma, ao comprar e vender contratos futuros, define-se um preço atual, mas que será pago futuramente, quando os produtos forem entregues.
O hedge de commodities também tem o objetivo de controlar o mercado, evitando que a imprevisibilidade prejudique o movimento de oferta e demanda,
Com isso, evita-se que a escassez de um produto, por exemplo, faça com que os preços disparem.
Hedge natural
O hedge natural acontece de forma espontânea em empresas que possuem receitas e despesas em dólar, como as exportadoras.
Neste caso, quando há variação da moeda, é possível compensar perdas e ganhos naturalmente, sem esforço.
Como utilizar o hedge em seus investimentos?
Opções
Conforme explica André Bona, educador financeiro e parceiro do BTG Pactual (BPAC11), “as opções são instrumentos derivativos, que derivam de outro ativo e alteram-se de acordo com as variações deste mesmo ativo”.
O mercado de opções é bastante procurado não apenas por quem deseja fazer hedge de suas posições, mas também por investidores que buscam especular no mercado financeiro.
Bona esclarece que os dois principais protagonistas do mercado de opções são o “lançador e o titular das opções”.
“O titular das opções tem o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender um determinado ativo, em uma data futura, por um preço acordado previamente, que é chamado preço de exercício”.
Já o lançador da opção é quem se compromete a realizar o negócio estabelecido no futuro, caso o titular decida exercer a opção adquirida.
“Para manter-se no compromisso de realizar a operação em caso de interesse do titular, o lançador recebe um prêmio bastante semelhante ao processo de contratação de seguro”, explica.
Risco das operações com opções
De acordo com André Bona, a alavancagem é um dos principais riscos que envolvem o mercado de opções.
“Isso ocorre porque as opções permitem ao investidor alavancar suas operações de maneira significativa, com o objetivo de gerar ganhos substanciais”.
O mesmo, entretanto, ocorre em caso de prejuízos, que também podem ser potencializados.
O investidor que realiza operações com opções também está exposto aos riscos associados ao ativo-objeto e à oferta e demanda do mercado.
De modo geral, o risco do titular de uma opção tende a estar limitado ao valor pago pelas ações, sendo possível perder a totalidade do seu investimento caso não haja o exercício da opção.
“O risco, entretanto, se eleva bastante para casos de venda a descoberto, quando é feito o lançamento de opções de compra pelo investidor que não possui as ações às quais se comprometeu a vender em caso de exercício da opção”, observa o especialista.
Operações de hedge com contratos futuros na bolsa de valores
Para os investidores do mercado de ações existem os acordos de compra ou venda nos quais se negocia hoje o valor de pontuação da bolsa para uma data futura.
O valor da pontuação reflete uma média do desempenho do mercado acionário.
Neste tipo de operação é possível compensar perdas, caso haja desvalorização das ações compradas à vista.
Ao passo que, caso o mercado siga na direção contrária à esperada, a operação com contratos futuros será a que registrará perdas.
Quais as vantagens e desvantagens do hedge?
As estratégias de hedge podem sinalizar estabilidade e trazer mais segurança para as operações no mercado financeiro.
Como vantagem, o hedge visa mitigar o risco de oscilação de ativos muito expostos à variações de preço, como é o caso das ações e câmbio.
No entanto, a desvantagem do hedge é que a estabilidade é obtida a partir de um potencial lucro.
Isso significa que, quando se limita o risco, também se limita o potencial de retorno do investimento.
Quando as estratégias de hedge podem falhar?
Para o investidor, aprender a reconhecer os padrões de movimentação do mercado é essencial para se beneficiar das estratégias de hedge.
É importante estudar sobre o assunto e conhecer todas as vantagens e riscos envolvidos para evitar alguns dos erros mais comuns.
Quando o investidor perde o timing
Atuar no momento ideal é essencial para que o hedge tenha efeitos positivos.
Por exemplo: no mercado de ações, quem escolhe por uma opção de venda, precisa exercê-la na data estabelecida.
Quando a opção não é exercida até a sua validade, ela simplesmente expira, ou vira pó, como se costuma dizer no mercado.
Já quem usa sua proteção cedo demais, pode estar desperdiçando boas oportunidades.
Errar na análise
O investidor que faz uma análise equivocada, prevendo uma queda futura no valor do ativo quando, na verdade, ocorre uma valorização, está abrindo mão da oportunidade de lucrar.
A proporção de ativos
No hedge, é feito o investimento em ativos seguradores, que funcionam como proteção contra a oscilação de outros investimentos.
É preciso manter uma boa proporção de ambos para que, comparativamente, “o valor da apólice de seguro não seja maior que o valor do bem a ser protegido”.
Vale a pena usar estratégia de hedge para proteger investimentos?
Como vimos, existem inúmeras formas de utilizar a estratégia de hedge para proteger investimentos.
A melhor escolha depende de alguns fatores como perfil e objetivos do investidor, conforme observa Denys Wiese, Head de Renda Fixa da EQI Investimentos.
“É preciso entender quem é o investidor. Se é uma pessoa física que quer poupar e construir patrimônio a longo prazo, o hedge pode não ser a melhor opção, porque pode sair muito caro. Nesse caso, indico a diversificação”, recomenda.
Carteira diversificada: um hedge natural
Para Wiese, a melhor proteção da carteira é estar bem diversificado em ativos que são descorrelacionados entre si ou possuem correlação negativa.
“Uma carreira bem montada tem pesos e contrapesos, onde enquanto um está caindo, o outro está subindo e vice-versa. Assim, é possível ganhar na média”.
Esse é um hedge natural: montar uma boa carteira diversificada com ativos descorrelacionados, explica.

Reprodução/EQI
Hedge: errar no timing custa caro
“Quando se faz um hedge com opção (no mercado de ações) ou comprando algum tipo de seguro, é preciso acertar o timing. Caso contrário, a rentabilidade ficará muito arranhada, uma vez que esses instrumentos são caros, alerta.
E complementa: “Por isso, prefiro não envolver a pessoa física em um negócio complexo e caro e ficar mais no hedge natural, com uma carteira bem montada e diversificada. É muito mais efetivo, com mais resultado”.
- Saiba mais: quando e como fazer o rebalanceamento de carteira?
Qual o melhor hedge para o cenário atual do Brasil e guerra no exterior?
Denys Wiese é taxativo:
“Diversificação, balanceamento, saber fazer pesos e contrapesos. Acima de tudo, respeitar o perfil, evitando colocar muita renda variável, quando o investidor não aguenta oscilação, por exemplo”, finaliza o especialista da EQI.
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