O PMI Industrial do Brasil em outubro ficou em 48,2 pontos, segundo dados da S&P Global, permanecendo abaixo do nível de 50, que separa crescimento de contração. Embora o índice tenha subido em relação a setembro (46,5), o resultado mostra que a indústria brasileira ainda enfrenta um cenário desafiador, com demanda fraca e cortes no emprego.

A retração do setor foi influenciada por uma queda contínua nos novos pedidos, inclusive nas vendas internacionais, e por uma política tarifária desfavorável dos Estados Unidos.
De acordo com o relatório, o mês marcou o sexto período consecutivo de contração, refletindo a combinação de demanda enfraquecida e custos ainda contidos. As empresas reagiram com cautela, reduzindo a compra de insumos e mantendo estoques enxutos, em uma tentativa de conter despesas.
Produção e emprego em queda: o impacto da demanda fraca
A produção industrial voltou a cair, embora em ritmo mais suave. A S&P Global destacou que as empresas enfrentam capacidade ociosa crescente e queda nos volumes de negócios pendentes, sinalizando menor utilização das plantas produtivas. Ao mesmo tempo, as medidas de redução de custos e a falta de novos pedidos levaram a demissões no ritmo mais intenso desde abril de 2023.
Sobre esse cenário, Pollyanna De Lima, diretora associada de economia da S&P Global Market Intelligence, explica: “Entre os principais obstáculos destacou-se o impacto adverso das tarifas dos EUA, que se manifestou em uma aceleração notável da contração dos pedidos internacionais. Além disso, os fabricantes brasileiros reduziram o número de empregos na maior proporção observada em dois anos e meio, indicando uma falta de expectativa de uma recuperação imediata da demanda.”
Apesar das dificuldades, houveram sinais de estabilidade em alguns segmentos, impulsionados pela reposição de estoques e por melhor demanda pontual. Ainda assim, o cenário geral segue pressionado, com empresas priorizando a eficiência operacional.
Custos e preços: estabilidade nos insumos e cortes para estimular demanda
Os custos de insumos aumentaram apenas marginalmente em outubro, após uma rara queda no mês anterior. A ausência de pressões significativas nos custos permitiu que as empresas reduzissem os preços dos bens finais pelo segundo mês seguido, ainda que de forma moderada. A estratégia busca estimular a demanda interna em meio ao ambiente de consumo enfraquecido.
“Apesar da queda contínua nos novos pedidos e na produção, foi encorajador ver pelo menos a retração da recessão em outubro. Além disso, as empresas encontraram algum alívio na ausência geral de pressões sobre os custos, o que permitiu reduzir os preços dos bens finais em uma tentativa de estimular a demanda”, observa Pollyana.
Perspectivas: otimismo cauteloso para 2025
Mesmo diante de um cenário difícil, o nível de confiança das empresas atingiu o maior patamar em quatro meses. O otimismo vem da expectativa de melhora na demanda, novos investimentos e lançamento de produtos ao longo do próximo ano.
“Ao olhar para o próximo ano, havia um otimismo cauteloso entre as empresas de que a produção aumentaria em conjunto com uma recuperação prevista na demanda, juntamente com possíveis aquisições, investimentos e o lançamento planejado de novos produtos”, afirma Pollyana.
Ainda que o PMI Industrial do Brasil em outubro mantenha o setor em terreno negativo, os sinais de desaceleração da queda e o foco em eficiência indicam que o pior momento pode estar ficando para trás.
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