André Esteves, senior partner do BTG Pactual (BPAC11), foi o primeiro convidado do Day Touro, evento online e gratuito, comandada por Pablo Spyer, Diretor de Operações da EQI Investimentos.
Uma verdadeira “maratona financeira”, o Day Touro acontece ao longo de toda esta quarta-feira (5).
Veja aqui a transmissão completa:
Com vacina, 2022 tende a ser o ano da normalidade
Na conversa com Spyer, Esteves apresentou sua projeção para a economia do país neste e nos próximos anos.
Para ele, 2021 ainda deve ser marcado pela crise e pelo processo de vacinação, que enfrenta atrasos. Mas, para 2022, a expectativa é que o país retorne à normalidade e ao caminho do crescimento.
“O Brasil foi um dos países mais agressivos na resposta à crise. E digo agressividade no sentido positivo. Só os Estados Unidos tiveram uma resposta maior do que a dada pelo Brasil”, diz, referindo-se ao auxílio emergencial.
A consequência, ele complementa, foi a queda do Produto Interno Bruto (PIB). Mas ela já era esperada dado o contexto de pandemia mundial. Passado o momento mais crítico, ele defende, é hora de retornar ao caminho da austeridade.
“O risco de uma crise como essa é a gente achar que auxílio emergencial e ajudas emergenciais são solução para os nossos problemas. Nada pior do que uma resposta emergencial para problemas estruturais”, diz.
E complementa: “Não adianta pensar que o governo vai gastar, gastar e gastar para ajudar os mais necessitados. Porque isso vai, na realidade, gerar inflação. E não existe nada mais danoso, perigoso e injusto do que o imposto inflacionário. O rico consegue lidar com a inflação, o pobre não”, afirma, justificando a razão de a questão fiscal ser tão essencial ao país.
Todas as lideranças políticas, ele defende, precisam entender que existem limites: “Nas nossas casas e nas nossas empresas, a gente não pode gastar mais do que ganha. Com nosso país é a mesma coisa. É preciso disciplina orçamentária”, reitera.
André Esteves: inflação dentro da meta ainda este ano
Para Esteves, a Selic, taxa básica de juros, deve seguir um caminho de normalização, alcançando entre 5% e 6% até o final do ano. Nível este em nada semelhante aos juros de dois dígitos que já existiram no passado (e configuram uma anormalidade em sua opinião).
Já a meta da inflação deve ser respeitada. Mesmo que a alta do IPCA, medida oficial de inflação, tenha ultrapassado os 5,25% do limite superior da meta nos últimos 12 meses.
“Estamos em um pico, que ainda deve subir um pouco mais até junho. Depois, a inflação tende a voltar e fechar o ano dentro da meta”, afirma. Em sua avaliação, a pressão sobre os preços vem da valorização do dólar frente ao real e dos preços das commodities – o que, por sua vez, não é de todo prejudicial ao Brasil, já que o país é um grande exportador.
Inteli: um “tijolinho” na construção do Brasil
Junto aos sócios do BTG, Esteves está erguendo o Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), uma iniciativa sem fins lucrativos, que pretende viabilizar no país uma faculdade de tecnologia de padrão mundial. E a Inteli foi outro tema do bate-papo com Spyer.
“Eu moro no Brasil, tenho negócios no Brasil, meus filhos estudam no Brasil, eu quero continuar no Brasil. Eu acredito no país. O Projeto Intele é um gesto, um caminho para ajudar a botar um tijolinho nessa construção”, revela.
Se o país está no caminho certo? Para ele, sim: “Em geral, a gente toma a decisão certa. Claro que depois de tentar algumas (soluções) erradas. Mas, perto do precipício, a gente ganha um certo juízo”, brinca.