A fabricante de motores elétricos WEG (WEGE3) que está no seleto grupo das nove companhias brasileiras que valem mais de R$ 100 bilhões, chama atenção por ser uma das poucas empresas da bolsa a acumular uma forte valorização neste ano.
No ano, as ações da fabricante de motores acumulam alta de aproximadamente 140%. A alta é tão forte que os analistas avaliam que o papel está supervalorizado – e não é de hoje. Mesmo assim, a WEG continua brilhando na bolsa.
Após os resultados surpreendentes do segundo trimestre deste ano, a Weg divulgará na manhã desta quarta-feira (21) seu balanço do terceiro trimestre de 2020.
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Confira as projeções para companhia.
O que você verá neste artigo:
Expectativa em alta
O Itaú BBA estima números fortes no balanço do terceiro trimestre da companhia. Isso porque prevê alta de 33% da receita no trimestre, atingindo R$ 4,454 bilhões, o que resultaria em um recorde trimestral.
A recuperação da receita deve contribuir para o aumento da alavancagem operacional, implicando em melhor margem Ebtida. A margem Ebtida deve atingir de 18,6% no terceiro trimestre, ante 18% no segundo trimestre.
Já a projeção do Ebtida é de R$ 828 milhões no trimestre, um aumento de 42,9% na comparação com a base anual.
O lucro líquido deve atingir 576 milhões, crescimento de 37,6%.
De acordo com o Itáu BBA, as tendências operacionais positivas registradas no segundo trimestre de 2020 devem persistir no terceiro trimestre deste ano.
Além disso, o banco acredita em uma recuperação em forma de V dos produtos de ciclo curto (principalmente em Brasil) com base na declaração da WEG de que os pedidos desses produtos haviam se recuperado gradualmente ao longo do trimestre passado e deve continuar assim até o terceiro trimestre.
No início de outubro, a Elite Investimentos escreveu que a Weg (WEGE3) “reporta resultados sólidos mesmo em momentos tão desafiadores como o atual”.
“Sua agilidade operacional no enfrentamento da crise” também é destacada pela Elite. Essa força da Weg foi corroborada pela Mirae e BTG Pactual.
Conhecendo a Weg
A Weg foi fundada em 1961 em Jaraguá do Sul, interior de Santa Catarina. As iniciais de seus 3 sócios, Werner Voigt, Eggon Silva e Geraldo Werninghaus, deram o nome à empresa.
A princípio, era uma pequena fábrica de motores elétricos. Porém, gradualmente, a empresa começou a diversificar o seu portfólio. Isso fez com que se consolidasse não só como fabricante de motores, mas como fornecedora de sistemas elétricos industriais completos.
Hoje a Weg desenvolve soluções de eficiência energética para toda a cadeira produtiva. Seus produtos e serviços abrangem, de ponta a ponta, todas as fases desse processo. Isso significa atuar da geração de energia até a automação de edifícios, passando pela transmissão, distribuição e consumo industrial.
Portfólio
A Weg possui portfólio com mais de 10 mil produtos, distribuídos nas seguintes categorias:
- Equipamentos eletrônicos e industriais
- Fabricação de motores elétricos de baixa e média tensão, equipamentos de automação industrial e serviços de manutenção.
- Geração, transmissão e distribuição de energia
- Geradores elétricos para usinas hidráulicas, térmicas, turbinas hidráulicas, aerogeradores, transformadores, subestações de painéis de controle e serviços de integração de sistemas.
- Motores para uso doméstico
- Motores para bens de consumo durável, como máquinas de lavar e ar condicionado.
- Tintas e vernizes
- Tintas líquidas e em pó e vernizes eletro-isolantes, com foco em aplicações industriais.
A fim de aumentar a sua participação no mercado, a Weg entrou na indústria 4.0. Recentemente a empresa anunciou uma série de aquisições, sendo as últimas focadas em telemetria de motores e monitoramento de chão de fábrica.
Ainda não foram divulgados os números desse novo nicho. Entretanto, a Weg aposta na inteligência artificial como mais um pilar de crescimento para suas atividades.
Resultados
Até junho deste ano, a receita líquida da WEG cresceu 24% em relação ao mesmo período de 2019, atingindo R$ 4,06 bilhões. Por outro lado, o lucro líquido foi de R$ 514,4 milhões, um aumento de 32% comparado ao ano passado.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida, na sigla em inglês) totalizou R$ 732,2 milhões no segundo trimestre, uma elevação de 16,3% na comparação com igual período de 2019.
A redução de custos e despesas contribuiu para a melhora do resultado. Desde o início da pandemia, a empresa racionalizou alguns processos, promovendo cortes de despesas e redução de jornadas de trabalho.
Além disso, a valorização do dólar também colaborou para o bom desempenho do semestre. Como vimos, a Weg tem 55% de suas receitas no mercado externo. Porém, parte de seus custos de produção também são dolarizados.
Entretanto, no primeiro semestre, o reflexo cambial foi sentido pela empresa somente nas vendas. Isso porque grande parte da matéria-prima ainda carregava o custo do dólar mais baixo. Dessa forma, a empresa acabou ganhando ao computar receitas ao dólar atual e custos referentes à época em que a cotação da moeda estava mais baixa.
O que mexe com as ações da Weg
A WEG é vista no mercado como uma empresa praticamente única. Principalmente porque uma série de fatores faz com que a companhia consiga se proteger de solavancos muito fortes na economia ou no cãmbio. No entanto, ela não está completamente blindada. Confira o que pode mexer com as ações da multinacional:
- Preço de commodities: parte dos produtos produzidos pela empresa são compostos por cobre e chapas de aço, commodities cujos preços variam de acordo com a demanda global. Se houver um aumento brusco de preços, a companhia pode ter dificuldade de repassar os custos aos clientes
- Economia interna: cerca de 40% da receita da Weg ainda vem do mercado interno. Portanto, uma parte considerável de seus resultados depende do ambiente para consumo e investimentos no País.
- Variação cambial: como mais da metade da receita vem da operação internacional, uma variação cambial pode interferir no resultado com exportações e pressionar a margem operacional
Confira as projeções para Weg:
Reprodução / Itaú BBA