No final de semana, uma declaração de Warren Buffett – considerado o maior investidor do mundo – deixou diversos investidores preocupados. Buffett disse que sua empresa de investimentos, vendeu todas as ações de empresas aéreas que tinha por conta da pandemia de coronavírus.
Essa declaração é polêmica por alguns fatores. A regra número 1 do Buffett é nunca perder dinheiro. Por isso a venda das ações e a declaração chamam atenção. As declarações de Warren são seguidas por milhares de investidores.
O principal motivo da venda de todas as ações de empresas aéreas é porque o investidor Buffett tem dúvidas se as pessoas vão voltar a voar tanto nos próximos dois ou três anos após a pandemia.
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No mês de dezembro, a empresa de investimento de Buffett tinha um total de US$ 4 bilhões aplicados em empresas aéreas como a United, American, Delta e Southwest. O setor aéreo representava cerca de 10% de todos os investimentos da empresa.
Cenário das empresas aéreas
Em Abril, a consultoria Bain & Company apresentou um estudo e apontou que o setor de empresas aéreas deve sofrer impactos negativos pelo menos até o fim de 2023.
Hoje, a maior parte da frota global de aviões está parada por conta do fechamento de fronteiras e das medidas de distanciamento social. Os poucos aviões em viagem são de carga ou para fazer repatriações.
No Brasil, aos poucos as empresas estão aumentando a frequência de voos domésticos. O presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas disse que as companhias aéreas brasileiras não devem falir, mas que vão passar por grandes mudanças.
A associação junto com empresas aéreas brasileiras trabalha com o BNDES para liberação de um socorro para o setor. A expectativa é que sejam liberados entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3,5 bilhões para cada uma das três maiores companhias aéreas do país.
Hoje, a Gol, Latam e Azul que compõe a lista das maiores empresas do setor no Brasil. Com as incertezas do setor e com a declaração de Warren Buffett, as ações das principais companhias aéreas brasileiras despencam no início da tarde de segunda-feira.
Até às 17h, da Azul ( AZUL4) registrava queda de 12,99% no dia e a Gol (GOLL4) com uma perda de 11%.
Ainda de acordo com o estudo da empresa de consultoria Bain, fabricantes de aeronaves devem registrar uma queda significativa em suas produções nos próximos cinco anos.
O caso Embraer
Desde o cancelamento do acordo com a Boeing a empresa já vinha sofrendo perdas seguidas. Hoje, a situação da empresa ganhou mais incertezas.
Depois de 26 da sua privatização, a companhia pode voltar a receber aportes do BNDES. Além disso, os chineses não teria despertado interesse pela empresa no momento. A injeção de capital do banco pode chegar a 1 bilhão de reais, assim, o banco seria o maior acionista da companhia.
Plano de socorro para aéreas brasileiras
A retomada das viagens deve acontecer junto com o fim da pandemia. Até lá, as empresas aéreas têm aumentado os serviços de cargas para minimizar os prejuízos. A queda na demanda de passageiros está em 91% por voos domésticos.
Os vôos em funcionamento no país tem levado quase que 100% do porão com cargas. Mas o transporte de cargas não é suficiente para segurar as empresas.
O plano de socorro para as companhias aéreas brasileiras ainda segue em negociação por conta de divergências entre as empresas e o BNDES.
O banco quer liberar o crédito por meio de debêntures emitidas pelas três grandes empresas aéreas e subscritas pelo banco estatal com as ações das companhias em garantia.
Ou seja, as empresas lançariam novas ações com a atual cotação. Com a demanda menor, e o valor de mercado das empresas também, o risco é o governo fique com uma fatia de até 30% de cada companhia aérea caso acione as garantias da liberação de crédito.
O banco e as empresas aéreas seguem em negociação. Até o momento, a única certeza é que o socorro deve ser no valor de R$ 2,5 bilhões a R$ 3,5 bilhões para cada empresa. Até lá, a preocupação é de quantos investidores devem seguir os caminhos de Warren Buffett.