A produção de minério de ferro da Vale (VALE3) totalizou 75,7 milhões de toneladas no segundo trimestre de 2021. Ou seja, alta de 11,3% sobre o trimestre anterior.
Os dados foram divulgados em relatório publicado nesta segunda-feira (19).
A Vale listou cinco fatores para a elevação da produção:
- Maiores volumes de Brucutu com o aumento da produção de sinter feed com alta sílica por processamento a seco, aproveitando um momento do mercado muito favorável;
- Melhoria sazonal das condições climáticas em Serra Norte e um forte desempenho em Serra Leste;
- Maior produtividade no Complexo de Itabira, com a reavaliação das soluções temporárias de gerenciamento de rejeitos;
- Maior compra de terceiros;
- Produção por processamento úmido em fábrica durante os testes para retomar as operações da planta de beneficiamento.
A empresa ressaltou que completou mais um trimestre de aumento da produção de minério de ferro (+11%t/t) e atingiu a capacidade atual de 330 Mtpa que, se sustentada, poderá permitir uma produção média de 1 Mt por dia no 2S21, devido à sazonalidade favorável das condições climáticas do período.
“A operação do trem não tripulado em Timbopeba está funcionando bem e a manutenção do carregador de navios 6 (CN6) no Terminal Marítimo de Ponta da Madeira foi concluída conforme programada, sem nenhum impacto nos embarques previstos para este ano. Em Metais Básicos, a primeira produção de minério do depósito de Reid Brook no Projeto de Expansão da Mina Voisey’s Bay foi uma conquista importante para a contínua entrega de material de qualidade, previsível e de fonte responsável ao mercado”, afirma a Vale.
Produção de pelotas e carvão sobem, e de níquel e cobre caem
A produção de pelotas da Vale totalizou 8,0 Mt no 2T21, 27,4% superior ao 1T21, embora ainda limitada pela capacidade de produção de pellet feed. “O aumento trimestral é explicado principalmente pela maior disponibilidade sazonal de pellet feed que foi direcionada principalmente para as plantas de Omã e pelo ramp-up da planta de pelotização de Vargem Grande”, diz a Vale.
Já a produção de níquel acabado foi de 41,5 kt no 2T21, 14,3% inferior ao 1T21. Segudo a Vale, o resultado foi principalmente devido à paralisação dos funcionários de Sudbury e à manutenção não programada na refinaria de níquel de Clydach, que impactou a produção total proveniente do feed da PTVI.
A produção de cobre atingiu 73,5 kt no 2T21, 3,9% inferior ao 1T21. O resultado foi decorrente da paralisação dos funcionários em Sudbury e atrasos na mineração em Voisey’s Bay, parcialmente compensados por um desempenho mais robusto em Salobo devido ao ramp-updas atividades de manutenção da mina e melhor desempenho nas operações do Sossego, diz a Vale.
Por fim, a produção de carvão totalizou 2,1 Mt no 2T21, apresentando um crescimento sólido tanto em termos trimestrais quanto anuais, devido ao aumento da produtividade após a grande manutenção das plantas concluídas no último trimestre.
Para o minério de ferro, a Vale manteve o “guidance” de produzir entre 315 e 335 milhões de toneladas para este ano.
Mas a empresa afirmou que está revisando o guidance de produção de níquel e cobre em 2021. O fato é devido às incertezas em Ontário e também por conta da aceleração da implementação do processo de segurança em Sossego e Salobo.
BTG, Inter, Ativa e Guia analisam resultados da Vale
Em relatório divulgado nesta terça-feira (20), o BTG Pactual (BPAC11) ressaltou que a Vale apresentou “números decentes” de minério de ferro e que a produção vem melhorando gradualmente.
“Mais importante, a Vale está mantendo sua orientação de produção de minério de ferro para 2021 inalterada em 315-335Mt, apesar de alguns dos receios recentes, e continua mostrando melhorias constantes, afirma o BTG.
Para o Inter (BIDI11), com os números reportados pela Vale, vislumbra-se uma possível revisão de produção para este ano, com a Vale trazendo volumes acima do guidance, tomando a posição de líder no mercado global, tendo em vista problemas de produção de outros peers internacionais.
“Por ora, mantemos nossas projeções de produção de 330 Mt para este ano, com vendas entre 87%-89% do total. Contudo, entendemos que os preços das commodities, especialmente minério de ferro, deva manter-se em patamares mais elevados que os níveis esperados anteriormente, em razão dos possíveis choques de ofertas ainda em curso, bem como a forte demanda que se mantém nos mercados internacionais”, afirmam os analistas do Inter.
Por fim, o Guia Financeiro ressaltou que, apesar do crescimento na produção, o número veio em linha com o consenso de mercado, o que deve limitar movimentações mais intensas do papel.
“O minério de ferro teve suas vendas impulsionadas por conta da forte demanda chinesa para a produção de aço, o que fez com que as vendas da comodity da Vale subissem 23,1% ante o 2T20 e 13,4% em relação ao 1T21, e totalizassem 67,2 milhões de toneladas entre abril e junho, e ainda um prêmio de mais de US$8/tonelada”, diz o Guia Financeiro.
Segundo a Ativa, a Vale vem apresentando incrementos consecutivos na sua capacidade de produção de minério de ferro. A análise ressalta que a mineradora se aproxima do limite superior do seu guidance para 2021 (335 Mtpa).
“A viabilidade do cumprimento do guidance e a potência de seu mercado arrefecem maiores preocupações quanto ao seu nível produtivo. Seguimos enxergando Vale como um player premium e bem posicionado para evoluir operacionalmente diante das condições atuais do mercado onde atua”, diz a Ativa.
Entretanto, a casa de análises cita as dificuldades enfrentadas pela companhia em suas operações em Sudbury devido à paralisação de funcionários.