A Vale (VALE3) divulgou nesta quinta-feira (04) os detalhes sobre o acordo de reparação de Brumadinho com o governo de Minas Gerais. Em nota à CVM, a Vale anunciou que o acordo global fechado nesta manhã tem o valor de R$ 37.689.767.329,00.
O montante contempla a reparação socioambiental e socioeconômica. De acordo com a nota, foram estabelecidas diretrizes e governança para a execução do Plano de Reparação. Além disso, projetos serão “implementados para a compensação dos danos ambientais já conhecidos e projetos destinados à segurança hídrica da região impactada”.
No quesito socioeconômico, a mineradora vai cuidar de projetos de demanda das comunidades atingidas. Também haverá um programa de transferência de renda à população atingida, substituindo o atual auxílio emergencial. A Vale se comprometeu a criar projetos para Brumadinho e outros municípios da Bacia do Paraopeba. E por fim, recursos para o Governo do Estado de Minas Gerais, do Programa de Mobilidade Urbana e do Programa de Fortalecimento do Serviço Público.
A companhia informou que vai cumprir com suas obrigações conforme os projetos e cronogramas definidos e geridos pelo Estado de Minas Gerais e as Instituições de Justiça envolvidas. Eles incluem projetos de reparação socioambiental, “cujos valores estimados fazem parte do valor econômico do Acordo Global”. Entretanto, não estão sujeitos ao teto global do acordo.
Conforme a companhia, há uma estimativa de despesa adicional de aproximadamente R$ 19,8 bilhões com o acordo. Esta será reconhecida no resultado do exercício de 2020. “R$ 5,4 bilhões serão quitados mediante a liberação de depósitos judiciais e R$ 14,4 bilhões serão acrescidos ao passivo associado à reparação socioeconômica e socioambiental de Brumadinho”.
Às 13h50, as ações da Vale subiam 0,27%, cotadas a R$90,67.
Bancos avaliam que acordo é positivo
O BTG Pactual (BPAC11) acredita que o acordo fechado pela Vale para a reparação de Brumadinho é favorável à mineradora. De acordo com o relatório do banco, o valor está abaixo do pedido inicial. O BTG afirma que, além da liquidação monetária ser positiva, o acordo da Vale representa “uma virada de página em relação ao episódio em Brumadinho”.
Analistas do Itaú BBA (ITUB4) afirmam que o acordo da Vale com o governo de Minas Gerais ficou dentro das expectativas. Conforme o banco, o fechamento do acordo demonstra a eliminação de incertezas sobre a companhia. A situação pode ajudar a Vale a reduzir descontos dados nas ações em comparação às concorrentes australianas.
Brumadinho 2 anos: ações da Vale (VALE3) subiram 140%, enquanto se discute indenização
No dia 25 de janeiro, completou-se dois anos desde a tragédia de Brumadinho (MG), que deixou 270 vítimas entre mortos e desaparecidos.
Mesmo após o segundo incidente, que se seguiu a Mariana (MG), em 2015, a Vale continua sendo uma das maiores empresas brasileiras.
“A Vale está de pé, com a imagem arranhada, mas bem financeiramente, com uma dívida praticamente zerada”, comentou Pedro Galdi, analista de investimento da Mirae Asset Corretora.
O especialista explica que as ações da mineradora continuam atrativas ao investidor do ponto de vista financeiro. Afinal, a Vale voltou a distribuir dividendos altos aos seus acionistas em 2020, mesmo sem ainda ter pago indenizações às vítimas da tragédia.
