A saída da Argentina das negociações pode tornar o Mercosul apenas uma área de livre comércio após o fim da pandemia de coronavírus.
A informação foi apurada por fontes do Estadão/Broadcast e, se confirmada, significará o fim da união aduaneira do bloco.
Em outras palavras, a decisão permitirá que os produtos possam ser vendidos de um país para outro, dentro do bloco, sem o pagamento de taxas.
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A Argentina anunciou na sexta-feira, dia 24, que manteria os acordos negociados com o bloco apenas com a União Europeia e com a Associação Europeia de Livre-Comércio.
O governo de Alberto Fernández alegou que desistiu dos acordos com Canadá, Japão, Vietnã e Coreia do Sul porque o que esperam do mundo após o fim da pandemia de coronavírus o levarão a outra opção econômica.
“Brexit das Américas”
O fim da união aduaneira do bloco era algo que o Ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, trabalhava há muito tempo.
A princípio, no entanto, as negociações para que o bloco seja considerado de livre comércio terão uma regra uma regra para deixar claro que Brasil, Paraguai e Uruguai poderão continuar negociando acordos com blocos e países sem o aval argentino.
Carlos Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), comparou as negociações do Mercosul com o que aconteceu recentemente na Europa entre o Reino Unido e a UE.
“Em menor nível, é o que aconteceu com a União Europeia com a saída do Reino Unido. Os membros do Mercosul terão que sentar e discutir a questão aduaneira”, garantiu.
O executivo não vê o momento como propício para a negociação de novos acordos comerciais e já pediu ao governo brasileiro que interrompa as tratativas entre a Mercosul e a Coreia do Sul.
“Vamos sair da pandemia com empresas debilitadas e um mercado externo extremamente competitivo. Não tem como fechar acordos agora”, concluiu.
Governo brasileiro aprova
Em conversa com a Reuters, representantes do governo brasileiro, que pediram anonimato, viram com bons olhos a desistência argentina das negociações.
“Por um lado facilita muito as negociações. No fundo a gente estava com mochila de pedras nas costas tentando carregar para negociação. E isso desde o Macri (Maurício, ex-presidente da Argentina), que mesmo com o discurso mais liberal não facilitava as coisas”.
Segundo as fontes ouvidas pela agência, a crise causada pelo coronavírus vai potencializar as dificuldades econômicas que a Argentina já enfrenta e a tendência do governo é centrar suas atenções nas negociações com o FMI e outros credores.
Para Brasil, Uruguai e Paraguai, por outro lado, as ampliações dos acordos comerciais poderão ser meios de revitalizar as próprias economias em tempos de crise.
“Veja o tamanho da economia do Brasil. As indicações que temos é que a Argentina, em crise, perdeu também um pouco de credibilidade externa. Alguns parceiros prefeririam inclusive negociar apenas com o Brasil”, concluiu a fonte.
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