Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), participou nesta segunda-feira (12) de um evento com outros presidentes de BCs da América Latina, e traçou um panorama sobre inflação.
Na visão de Campos Neto, um cenário combinado entre valorização de commodities e depreciação cambial acabou gerando um avanço acelerado da inflação.
“Vimos os preços das commodities subindo com moedas dos países produtores dessas commodities não performando bem, na verdade até performando mal … A gente tem inflação subindo no mundo emergente, com destaque no Brasil e Turquia, e aí tem uma diferenciação dos países emergentes, que têm peso de alimentos maior e não contrabalanceado pela moeda.”
Segundo Campos Neto, os países citados, incluindo o Brasil terão de adequar a alta dos juros, como aconteceu por aqui na última reunião do Copom.
“Você começa a entrar numa dinâmica de inflação mais rápida, e o mercado começa a precificar a subida mais rápida de juro, que é o que acontece no Brasil”.
BC pede austeridade
Campos Neto, que desde o início da pandemia tem se mostrado uma pessoa bastante centrada no comando do BC, pediu para que o Brasil saiba trabalhar a margem fiscal diante da crise sanitária.
Segundo o executivo do BC, “austeridade e seriedade” serão chaves na gestão da dívida pública e para evitar uma desorganização geral no País.
“É preciso passar a mensagem de austeridade e seriedade fiscal. Difícil imaginar o Brasil formulando politicas de sustentação à crise como outros países. … Quando se tenta um gasto adicional, a desorganização de preços é pior para economia”, concluiu.