O ministro da Economia, Paulo Guedes, está no meio de uma onda de especulações sobre se fica o sai do cargo. Nesta segunda-feira (17), porém, afirmou que a confiança entre ele e o presidente Jair Bolsonaro é recíproca.
“Existe muita confiança do presidente em mim. E existe muita confiança minha no presidente”, disse ele à imprensa.
Ele tem sido constantemente questionado sobre a permanência ou não às frente do ministério.
Guia definitivo sobre Renda Variável e os Melhores Investimentos para 2021
“Eu não tive, ainda, nenhum ato que me indicasse, que me sugerisse, que eu não devesse confiar no presidente, e eu acho, da mesma forma, (que) eu não faltei em nenhum momento a confiança que ele depositou em mim”, acrescentou.
- Dúvidas sobre como investir? Consulte nosso Simulador de Investimentos
O que você verá neste artigo:
Paulo Guedes: “Pouco à vontade”
Os repórteres perguntaram se ele se sentia à vontade no cargo.
“À vontade, neste cargo, eu acho difícil você encontrar alguém que vá estar sempre à vontade. É um cargo difícil”, afirmou.
O ministro alegou que, “em momentos decisivos”, Bolsonaro sempre o apoiou.
Ele afirmou ter passado por “dois ou três” momentos de dificuldade.
Fura-teto
Sua saída vem sendo discutida pelo mercado por dois motivos.
Primeiro, é a força que ministros do governo, capitaneado pelo Chefe da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto, fazem para furar o teto de gastos.
Além dele, o do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (PSDB-RN); e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas (sem partido), estão nessa onda.
São os chamados “ministros fura-teto”.
A lógica dessa ala chamada de “desenvolvimentista” do governo é que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve investir em obras já pensando em 2022.
Bolsonaro teria curtido a ideia e passou a viajar pelo país para inaugurar obras não acabadas de outros governos.
Na sexta-feira (14), à Rádio Jovem Pan, Marinho se defendeu: “sou a mesma pessoa que votou o teto de gastos. Eu sou aquela pessoa que sempre teve responsabilidade fiscal, mas estamos vivendo em um momento de excepcionalidade. O teto já foi ultrapassado em mais de R$ 600 bilhões em função de uma calamidade que estamos atravessando”.
Para Guedes, Bolsonaro corre sérios riscos se continuar acreditando no discurso de que será reeleito assim.
Para o ministro da Economia, ele poderá repetir o destino de Dilma Rousseff, que foi tirada do poder por supostamente desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Mercado reage
Alem disso, Guedes tem enfrentado uma debandada de profissionais de seu ministério.
Hoje, mais um saiu: Vladimir Kuhl Teles, subsecretário de Política Macroeconômica do Ministério da Economia.
Antes, já haviam saído os secretários de Desestatização, Salim Mattar, e da Desburocratização, Paulo Uebel.
Paulo Guedes teve que falar aos jornalistas para acalmar o tal mercado, que reagiu, elevando o dólar e trazendo o Ibovespa de novo abaixo dos 100 mil pontos.
Esse é o menor patamar da bolsa desde 13 de julho.
Saída pela tangente
Guedes disser que uma maneira de conseguir mais investimentos públicos será aprovar iniciativas como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo, que promove a desvinculação e a desobrigação de gastos.
“Por outro lado”, segundo a Reuters, “ele reconheceu que o governo está estudando remanejamento de despesas a partir de verbas de cerca de 15 bilhões de reais que foram repassados a Estados e municípios, no contexto do enfrentamento à pandemia de Covid-19, e que não foram usadas”.
Sobre o tema, ele disse ter sido surpreendido pela avaliação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que o uso de R$ 5 bilhões provenientes dessa sobra não poderia ser feito.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), concorda.
“Vai haver um remanejamento de recursos, o que está acontecendo agora é justamente remanejamento de recursos, estamos vendo o que pode ser remanejado dentro do Orçamento”, complementou Guedes, sem especificar o montante em questão.
Aumente seus ganhos. Consulte nossa Planilha de Monitoramento de Carteira
Resposta de Bolsonaro
A “saída de Guedes nunca foi cogitada”, disse Bolsonaro em entrevista exclusiva à CNN.
“Paulo Guedes é aliado de primeira hora. Entramos juntos no governo e vamos sair juntos”, disse o presidente.
Os dois se reuniram hoje.
Segundo o presidente, ele e o ministro estão alinhados na decisão de que há “possibilidade zero de furar o teto de gastos”.
“Vamos procurar recursos, há várias alternativas. Privatização, remanejamento de recursos de fundos”, afirmou.
Bolsonaro tenta assim agradar investidores, ao mesmo tempo em que acena à ala “desenvolvimentista” de que pode haver dinheiro.
“Subiu a popularidade do presidente. Quer dizer, ele está firme. Ele sente que ele está firme e que ele pode seguir na agenda dele”, concluiu Guedes.
- Conheça os benefícios de se ter um Assessor de Investimentos