A Oi confirmou, em comunicado distribuído ao mercado na manhã desta terça-feira (28), ter recebido uma nova proposta conjunta da Tim, Claro e Telefônica para compra da operação móvel da empresa. As três operadoras tinham divulgado a decisão na noite de ontem.
O consórcio Telefônica/Claro/Tim elevou o lance anterior e ofereceu R$ 16,5 bilhões pelos ativos móveis da operadora.
O movimento impulsiona as ações das empresas na bolsa hoje. Os papéis da Oi estão em alta de 9,04% (OIBR3) e 18,23% (IOBR4), enquanto Tim (TIMP4) sobe 3,36% e Telefonica Vivo (VIVT4), +1,94%.
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No documento, a Oi diz que oferta tem “condições financeiras mais vantajosas do que as propostas anteriores”, mas estará sujeita a condições normais em processos desta natureza.
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E afirma ainda que, em razão de ter fechado acordo de exclusividade com a norte-americana Highline, “está avaliando as providências que pode e deve tomar em relação ao processo competitivo, respeitando todos os compromissos assumidos”.
A apresentação de nova proposta pela Oi Móvel– que teria o Bank of America Merrill Lynch como assessor financeiro — considera também a possibilidade de assinar com o Grupo Oi contratos de longo prazo para uso de infraestrutura.
O que você verá neste artigo:
Oferta revisada
TIM (TIMP3), Vivo (VIVT4) e Claro já haviam formado um grupo e ofereceram proposta conjunta, e primária, à Oi.
No entanto, a americana Highline, empresa de infraestrutura de comunicações controlada pela gestora americana Digital Colony, fez outra proposta pela operação móvel da Oi (OIBR3).
O valor não foi divulgado. A proposta era de exclusividade com a Oi.
Diz a nota da Telefônica desta segunda: “A apresentação da oferta revisada reafirma o interesse da companhia em relação à aquisição [da Oi Móvel), considerando a larga experiência global que possui no setor de telecomunicações.”
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Disputa
O valor especificado pelo consórcio para aquisição das operações de telefonia móvel era menor que o da proposta da Highline, de acordo com a Oi.
O grupo tinha prioridade na concorrência, mas, correndo por fora, a Highline chegou ao páreo e as negociações balançaram.
Na noite de ontem, o consórcio subiu a proposta e reforçou: “A seleção das ofertantes como “stalking horse” (‘primeiro proponente’) inclui o direito de oferecer valor maior do que eventual proposta apresentada por terceiro (‘right to top’) no processo competitivo de venda do negócio móvel do Grupo Oi.”
A Oi fatiou suas operações e, para a unidade de telefonia móvel, a companhia pede exatamente R$ 15 bilhões.
Surpresa no mercado
De acordo com O Globo, a estratégia da Highline seria comprar uma operação móvel da Oi e, por meio de leilão, vender quase 34 milhões de clientes.
Uma das possibilidades na mesa é fechar o acordo com a mineira Algar.
Estratégia criticada
A reação do mercado não foi das melhores. Empresas rivais criticaram a estratégia, e acreditam que o regulamento não autoriza a atuação unicamente no atacado para uma empresa de serviço móvel pessoal (SMP).
Assim, segundo O Globo, haverá pressão no lado do governo, com questionamentos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Cade
Uma das vantagens que a Highline tem sobre as concorrentes é a possibilidade de aprovação mais fácil junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), segundo o Estadão.
Isso porque o negócio não reduziria a concorrência no setor, diferentemente da proposta conjunta das outras três operadoras.
Além disso, os credores da Oi, que está em recuperação judicial desde 2017, com dívidas de R$ 65 bilhões, também não chancelam a proposta.
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Leilão 5G
De acordo com O Globo, o negócio também pode levar a pressões envolvendo o leilão 5G.
Isso porque “o uso de frequência apenas no atacado pode ser determinante para alterar totalmente o esquema do leilão do 5G, pois todo o mundo vai comprar espectro sem necessidade de atender a todos os clientes finais”.
A empresa da Colônia Digital tem exclusividade para negociar uma operação de telefonia móvel até o dia 3 de agosto com a Oi.
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Papéis em baixa
A Highline, que já possui exclusividade na captura de arquivos da Oi, pode entrar em disputa com outras empresas – como o BTG – para comprar até 51% da rede de fibra ótica batizada de InfraCo.
A venda da operação móvel para os concorrentes também pode ser alvo de uso do Cade e da Anatel.
Corrida com barreiras
Em entrevista exclusiva ao Euqueroinvestir.com, o ex-ministro das Comunicações, Juarez Quadros, disse que a aquisição das fatias da Oi é “uma corrida com barreiras”.
Para Quadros, o plano é bom mas depende de três fatores.
“Para se concretizar, terá que passar pela assembleia de credores, pelo juiz da recuperação judicial, bem como pelos órgãos reguladores”, explicou.
Quadros também ocupou a presidência da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) em 2016 e, atualmente, atua como consultor.

Ex-ministro das Comunicações, Juarez Quadros
OIBR3: recuperação judicial e fatiamento
De acordo com Quadros, a Oi está em processo de recuperação judicial (RJ) e tenta, agora, liberar alguns ativos.
“Dentro desses ativos, anunciou a operação de telefonia celular. O comunicado foi em junho, informando que dividiria a companhia em ativos móveis, torres, data center e o infra”, disse.
Conforme ele, a companhia faria um procedimento em que mede 100% dos ativos nas torres e no data center.
As torres sairiam a um preço inicial de R$ 1 bilhão.
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