Os resultados do 4TRI20 das distribuidoras de combustível devem refletir uma melhora gradual do volume de combustível em relação ao 3T20, mas ainda com uma queda em relação ao 4TRI19. A avaliação é da Eleven.
Mas a menor variação dos preços de combustível deve contribuir para que não haja o mesmo ganho de estoque do trimestre anterior, de forma que a margem Ebitda por m³ deve ser um pouco mais baixa.
De acordo com dados da Sindicom, o volume vendido de diesel pelas principais distribuidoras no 4T20 subiu 3,8% a/a, reflexo da retomada da economia. Mas o volume de ciclo otto caiu 0,9% comparado ao mesmo período de 2019. Já o volume de combustível para aviação, ainda que tenha se recuperado em relação do 3T20, caiu 43% em relação ao 4T19.
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Com relação aos preços, a Petrobras foi gradualmente ajustando os combustíveis nas refinarias ao longo do 4T20, de forma que os preços médios do diesel e gasolina foram 8% e 25% acima do 3T20, respectivamente.
“Nesse contexto, as distribuidoras devem apresentar uma margem Ebitda por m³ mais baixa que a apresentada no 4T19. Vale ressaltar que a BR Distribuidora (BRDT3) e a Raízen possuem maior participação no setor de aviação, que se encontra mais desafiador, enquanto a Ultrapar (UGPA3) não atua nesse mercado”, diz a Eleven.
O que você verá neste artigo:
Recuperação para 2021
Para 2021, a Eleven espera uma recuperação do volume de combustível, mas ainda dependente dos efeitos da pandemia na economia brasileira.
“Com a alta do petróleo nas últimas semanas, esperamos que a Petrobras implemente novos aumentos nos preços de combustíveis, visto que esses ainda estão cerca de 10 a 15% abaixo da paridade internacional. No entanto, continuamos com recomendação neutra para a Ultrapar e BR distribuidora pois acreditamos que essa recuperação já está refletida no preço das ações. No caso da Cosan, acreditamos que o preço atual já precifica uma melhora de governança corporativa com a proposta de simplificação societária e também as perspectivas de crescimento no mercado de Gás Natural (Compass), de forma que nossa recomendação permanece de venda”, ressaltam os analistas.
Ultrapar deve ter receita menor
A Eleven espera um aqueda na receita de 6,5% a/a para a Ultrapar no 4T20. Isso será efeito principalmente da queda de 5% a/a na receita da Ipiranga.
Já os demais negócios devem apresentar resultados positivos, principalmente a Oxiteno devido à desvalorização do real em relação ao dólar e volumes fortes.
O Ebitda deve atingir R$ 985 milhões (+1,7% a/a), com uma queda no resultado da Ipiranga e neutralizado por um aumento do resultado dos demais negócios.
Para a Ipiranga, espera-se uma queda de 5% a/a no volume vendido e um Ebitda de R$ 579 milhões, ou R$100/m³ (vs. R$114/m³ no 4T19 e R$102/m³ no 3T20).
Apesar da melhora sequencial de volume, os aumentos de preço praticados não foram suficientes para proporcionar o mesmo ganho de estoque observado no 3T20.
Apesar da perspectiva de uma recuperação do mercado de combustível, a recomendação para a UGPA3 permanece neutra, com preço-alvo ajustado para R$ 25,00 (de R$23,00 anteriormente) como resultado das melhores perspectivas de preços de combustível.
Ainda assim, negociada a 10x EBITDA 2021, a Eleven acredita que boa parte dessa recuperação já está refletida no preço.
Cosan: queda de receita e aumento de Ebitda
Para a Cosan espera-se no 4T20 uma receita líquida de R$19,2 bilhões (-1,1% a/a) e um Ebitda de R$1,5 bilhão (+11% a/a).
Esse aumento deve-se principalmente ao melhor desempenho da Raízen Energia, que foi parcialmente compensado por um pior desempenho da Raízen combustível.
No setor de combustível, espera-se uma queda de 4% a/a no volume vendido, com a maior queda vinda do setor de aviação (73% a/a).
O Ebitda deve atingir R$721 milhões, ou R$105/m³ (vs. R$133/m³ no 4T19 e R$95/m³ no 3T20).
Na Raízen Energia, a expectativa é de um Etitda de R$968 milhões (+54% a/a), resultado do aumento de 3% na moagem e maiores volumes e preços do açúcar e etanol.
A companhia também anunciou recentemente a compra da Biosev, que deverá trazer outras oportunidades de crescimento no setor A&E.
Na Compass a Eleven acredita que ainda há espaço potencial para aumento de penetração, visto que o gás encanado representa uma parcela relativamente pequena da utilização de gás.
“No entanto, no preço atual não enxergamos grande potencial de valorização, pelo contrário, a assimetria é negativa uma vez que o valor que entendemos como justo para a ação é menor que o preço de tela atual. Assim mantemos nossa recomendação de venda, com preço-alvo de R$ 80,00”, diz a Eleven.
Segundo os dados da Sindicom, a BR Distribuidora apresentou um forte ganho de market share no 4T20, com crescimento de 7% a/a no ciclo otto e 6% a/a no diesel.
Por outro lado, o segmento de aviação ainda deve apresentar queda de 20% a/a.
A receita deve atingir R$24,7 bilhões (+2,5% a/a) e o EBITDA R$ 919 bilhões (-3,5% a/a) ou R$92/m³ (versus R$96/m³ no 4T19 e R$88/m³ no 3T20).
A leve queda anual do Ebitda é resultado dos menores preços de combustível, com consequentemente menor margem de comercialização.
Ainda assim, nos últimos trimestres a BR distribuidora tem aproximado cada vez mais seu Ebitda/m³ do nível dos seus competidores, o que é bastante positivo.
Na visão da Eleven, o fato de a BR Distribuidora deixar de ser estatal e as iniciativas que a companhia tomou para cortar custos e melhorar sua estratégia de precificação deverão gerar ganhos de eficiência nos próximos trimestres.
“Somado ao aumento do volume com a retomada gradual da mobilidade e economia brasileira, esperamos que a companhia alcance gradualmente um patamar de margem Ebitda/m³ semelhante a suas concorrentes. No entanto, negociada a 10x EBITDA 2021, nossa recomendação continua neutra, com preçoalvo ajustado para R$24,00 (anterior de R$23,00)”, afirma a Eleven.