Se no início de 2020 os laboratórios foram negativamente impactados pela pandemia do coronavírus, os resultados do quarto trimestre devem mostrar a recuperação de empresas como Alliar (AALR3), Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3).
Segundo relatório publicado pela Eleven, no começo da pandemia os laboratórios foram negativamente impactados pelas medidas de distanciamento social e pela queda brusca na demanda por exames, refletindo em grandes impactos na receita.
Mas este mesmo ambiente desafiador permitiu o crescimento de novas formas de atendimento e a criação de novos serviços, que possivelmente demorariam anos para ser realizados em um contexto sem pandemia.
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A partir do segundo semestre do ano os laboratórios começaram a retomar o crescimento de receita, grande parte vinda da demanda reprimida dos procedimentos eletivos e pelos testes de Covid-19, que apresentam tickets médios e margens mais elevadas.
Para o 4T20 deveremos ver o movimento de recuperação somado ao elevado volume por testes de Covid-19 que aceleraram no fim de novembro e dezembro, com o aumento dos casos de coronavírus”, dizem as analistas da Eleven Mariana Ferraz e Luísa Hiraki.
As expectativas para o último trimestre do ano são de continuação do ritmo de recuperação, mesmo com o aumento de casos de Covid-19, para o qual o setor de saúde se apresentou mais preparado nesta segunda onda de contaminação, diz a Eleven.
Alliar (AALR3): ano foi desafiador, mas diversificação é positiva
Entre os laboratórios listados na bolsa brasileira, a Alliar foi o mais impactado entre os pares, diz a Eleven. A sua estrutura direcionada para exames de imagens e para o atendimento do segmento B2C não favoreceu a operação no início da pandemia.
Com as lições aprendidas em um ambiente desafiador, a Alliar vem focando na diversificação, com a criação da plataforma Cartão Aliança, que é endereçada para o público out-of- pocket.
Além disso, vem reforçando os serviços para o segmento B2B, com o iDR (serviço de diagnóstico remoto por command center).
Apesar do último trimestre do ano ser sazonalmente mais fraco, para este ano espera-se o quatro trimestre mais forte para a Alliar, dando sequência ao movimento de recuperação e à maior demanda por testes de Covid-19.
Assim, a projeção é de crescimento de 7,4% a/a na receita líquida.
Em relação aos custos e despesas, a Eleven projeta o bom controle, assim refletindo margens bruta e Ebitda praticamente estáveis. No 4T20 já esperamos o resultado líquido do terreno positivo, com R$ 9,9 milhões.
“No consolidado do ano projetamos redução na receita líquida de 14,5% a/a e prejuízo líquido de R$ 100 milhões, refletindo os impactos da pandemia que foram mais sensíveis no segundo trimestre. Apesar do ano desafiador, continuamos construtivos com a companhia, que vem focando na diversificação do negócio. Além disso, identificamos o papel da Alliar ainda atrasado em relação aos pares, com isso carregando um upside interessante”, dizem as analistas.
A recomendação da Eleven é de compra para Alliar, com preço-alvo de R$ 18.
Fleury (FLRY3): testes de Covid-19 impulsionam 4TRI20
O Fleury foi bastante impactado pela pandemia no primeiro semestre de 2020. Com a flexibilização do distanciamento social e a maior busca por testes de Covid-19, o laboratório iniciou o movimento de recuperação no 3T20, tendo apresentado crescimento de 15,7% a/a da receita líquida.
Para o último trimestre do ano a Eleven projeta a continuação deste movimento de recuperação, com isso estima-se crescimento de 23,5% a/a, refletindo a maior demanda por testes de Covid-19 principalmente em novembro e dezembro, período em que houve o aumento dos casos de coronavírus.
Somado a este contexto, projeta-se também o bom controle dos custos e despesas, que se refletem no aumento na margem Ebitda (+4,8 p.p. a/a).
No consolidado de 2020 as projeções apresentam redução de 23,9% no resultado líquido, causado pelo prejuízo de R$ 72,3 milhões reportado no 2T20.
Apesar dos impactos negativos que a pandemia trouxe, ela permitiu o crescimento de canais de atendimento, como os exames domiciliares. Além disso, permitiu o maior uso de tecnologias, desenvolvendo a plataforma de saúde direcionada para o B2B e para o B2C.
Os analistas enxergam com bons olhos a diversificação e a ampliação na atuação do grupo feita durante os últimos trimestres.
Assim, a recomendação da Eleven é de compra para Fleury com preço-alvo de R$ 37.
Hermes Pardini (PARD3): processo de ganho de eficiência
No 3T20 o Hermes Pardini saiu na frente dos demais pares na testagem de Covid-19.
O laboratório se empenhou em aumentar a sua capacidade de testagem, que chegou ao patamar de 20 mil exames/dia de RT-PCR em agosto.
A ampliação desta capacidade de testagem, segundo a Eleven, conferiu ao laboratório o maior crescimento entre os pares listados em receita líquida, que foi de 29,9% a/a no 3T20 (15,7% a/a do Fleury e -6,1% a/a da Alliar).
As analistas acreditam que a demanda por testes deverá permanecer elevada ainda no 4T20.
“Acreditamos que a companhia está em processo de ganho de eficiência e esperamos o crescimento nas margens em 2021, apesar deste último trimestre projetarmos uma pressão pontual na margem Ebitda. Para a margem líquida estimamos uma redução de 1,6 p.p. a/a devido às maiores despesas financeiras”, destaca a Eleven.
A demanda por teste de Covid-19 deverá permanecer ainda elevada no primeiro semestre de 2021, beneficiando a operação do Hermes Pardini.
O laboratório também vem investindo na diversificação com o início dos serviços hospitalares, fortalecimento do segmento Lab-to-Lab, planos para a distribuição de insumos e da expansão do projeto Enterprise para laboratórios parceiros.
Assim, a recomendação da Eleven é de compra para Hermes Pardini, com preço-teto de R$ 35.