Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro depôs à Polícia Federal (PF) em Curitiba, na tarde deste sábado (2), em oitiva sigilosa.
Significa dizer que as informações e supostas denúncias contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, somente serão públicas se o ministro do Supremo, Celso de Mello, permitir.
Informações extraoficiais dão conta de que Moro reiterou as acusações e entregou provas por escrito, além de áudio e vídeo.
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Acompanhado por advogados, ele foi questionado por dois delegados da Polícia Federal, bem como por três procuradores indicados pela Procuradoria Geral da República (PGR).
O ex-ministro prometeu entregar provas de ingerência por parte do presidente Bolsonaro, que pretendia interferir em investigações da PF e em outros departamentos de Justiça.
Moro deixou o governo em 24 de abril após 16 meses no cargo. Antes disso, ele ocupava a função de juiz federal lotado em Curitiba.
O que você verá neste artigo:
Moro começou o domingo(3) assim:
Há lealdades maiores do que as pessoais.
— Sergio Moro (@SF_Moro) May 3, 2020
O ex-ministro foi rebatido pelo 02:
Realmente é preciso muito tempo dando depoimentos a delegados amigos para ver se acham algo contra Bolsonaro.
Moro não era ministro, era espião.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) May 3, 2020
Veja os possíveis desdobramentos do depoimento de Moro à PF
Depoimento do ex-ministro na Superintendência da PF, em Curitiba , determinado pelo ministro do STF, Celso de Mello, terminou no fim da noite deste sábado (2), e teve duração aproximada de oito horas e meia.
Vazou propositalmente
Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes disse neste sábado à tarde que Sergio Moro vazou propositalmente a delação do ex-ministro do PT, Antônio Palocci, no segundo turno de 2018, com o propósito de favorecer Jair Bolsonaro.
“Ele [Moro] estava muito próximo desse movimento político, tanto que no segundo turno faz aquele vazamento da delação do Palocci. A quem interessava isso? Ao adversário do PT. Depois, ele aceita o convite, que é muito criticado, para ser ministro deste governo Bolsonaro, cujo adversário ele tinha prendido. Ficou uma situação muito delicada, se discute a correição ética desse gesto”, disse.
E acrescentou: “a mim me bastam os fatos. O vazamento desta delação naquele momento tinha o intuito que se pode atribuir.”
Conforme Mendes, o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu autorização a Bolsonaro para convidar Moro para ser ministro da Justiça.
Isso ocorreu quando Guedes se tornou o responsável pela economia, ou seja, no primeiro semestre de 2018. Portanto, bem antes de quando publicamente se ficou sabendo do convite.
“Se o STF decidia alguma coisa que afetava a Lava Jato, era o STF que estava errado e a Lava Jato estava certa. Nesse contexto, se desenvolve esse repúdio ao Supremo, e a Lava Jato foi parceira. De certa forma, a Lava Jato é a mãe ou o pai do bolsonarismo”, afirmou.
Judas
Na manhã deste sábado, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro chamou o ex-ministro de “Judas” e insinuou que ele pode ter interferido em inquérito que investiga o atentado realizado por Adélio Bispo durante a eleição.
“Os mandantes estão em Brasília? O Judas, que hoje deporá, interferiu para que não se investigasse?”, escreveu o presidente, em referência ao depoimento que Moro.
Ele acrescentou ainda que não fará nada “que não esteja de acordo com a Constituição”.
‘Golpe em cima de mim’
Na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse a apoiadores que “ninguém vai querer dar golpe em cima de mim”.
A fala diz respeito a toda movimentação envolvendo as últimas ações do Supremo Tribunal Federal (STF), bem como ao depoimento de Sergio Moro à PF.
“Pessoal, fiquem tranquilos. Ninguém vai fazer nada ao arrepio da Constituição, fiquem tranquilos.”
Ministro do STF, Luís Roberto Barroso disse recentemente que “impeachment é a última opção” para administrar a decepção numa democracia. A primeira, frisou, é a eleição.
.Os mandantes estão em Brasília?
.O Judas, que hoje deporá, interferiu para que não se investigasse?
.Nada farei que não esteja de acordo com a Constituição.
.Mas também NÃO ADMITIREI que façam contra MIM e ao nosso Brasil passando por cima da mesma. https://t.co/Tj5aDO2LUr
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 2, 2020
Aprovação de Bolsonaro cai
Levantamento do DataPoder indica que a taxa de ótimo/bom do presidente Jair Bolsonaro caiu de 36% para 29%, em 15 dias, e ruim/péssimo aumentou de 33% para 40%.
Já a posição regular oscilou de 28% para 26%. Apesar da forte queda na aprovação, de sete pontos, Bolsonaro mantém a sustentação firme de um terço do eleitorado.
A pesquisa foi realizada por telefone celular e fixo, do dia 27 a 29 de abril, com 2.500 pessoas em 472 municípios em todos os Estados do país.
Entre as perguntas, 26% dos entrevistados disseram que acham que podem morrer se pegarem o coronavírus.
No mesmo período, aumentou a percepção dos brasileiros a respeito do risco que correm em meio à pandemia de Covid-19.
Subiu de 8% para 16% nas últimas duas semanas os que dizem ter sido contaminados por coronavírus ou conhecer alguém que teve a doença.
No mesmo período, aumentou a percepção dos brasileiros a respeito do risco que correm em meio à pandemia: 26% acham que podem morrer se pegarem o vírus.