O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, que registrou alta de 0,87% na base mensal, a maior variação para este mês desde 2002. Para o BTG Pactual, a alta dos preços divulgada no principal dado da inflação do Brasil pode levar para um acumulo de 10% nos últimos 12 meses já em setembro.
Apesar de ter desacelerado na comparação com julho, quando avançou 0,96%, o índice surpreendeu negativamente – os analistas do BTG esperavam algo próximo a uma alta dos preços de 0,71%.
O preço dos alimentos subiu 1,39% em agosto, ante 0,62% em julho, o que é explicado, em grande parte, pela falta de chuvas e pelo frio excessivo registrado em agosto e julho, que dizimou lavouras.
Segundo o BTG, a queda na base mensal da inflação é explicada pelo fato de a energia elétrica não ter avançado tanto quanto em julho. Os gastos com habitação, onde entra o custo da energia, avançaram apenas 0,68%, ante 3,10% em julho.
Inflação deve continuar avançando nos próximos meses
A desaceleração da energia elétrica, porém, não deve se sustentar por muito tempo. No começo de setembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou uma nova bandeira tarifária, denominada “Escassez Hídrica”, que deve manter a pressão neste segmento.
“Para os próximos meses, enquanto o aumento de mobilidade social e a reabertura podem seguir pressionando os preços livres, principalmente de serviços, as condições climáticas adversas devem continuar provocando altas nos alimentos e na energia elétrica”, escreveram os analistas Álvaro Frasson, Arthur Mota, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis em relatório.
Os analistas do BTG ainda apontam que o índice de difusão da inflação, que mede quais setores registraram alta de preços e quais não, ficou em 71,9%, ante 63,7%. “Sinaliza que as pressões sobre os preços seguem bastantes disseminadas”, comentaram.
Com esse cenário para a inflação, crescem, segundo os analistas, as chances do Banco Central tomar medida mais firmes em seus próximos encontros. “A surpresa inflacionária pressiona o Banco Central a ser mais hawkish em seu comunicado e em seus movimentos”, completam.