12O Federal Reserve informou, nesta quarta (16), que manterá as taxas de juros entre zero e 0,25%.
O Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês) disse que pretende manter os juros perto da estabilidade até pelo menos 2023.
A decisão era aguardada pelo mercado.
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Desta vez a decisão não foi tomada de maneira unânime pelos dirigentes da instituição. Foram oito votos a favor e dois contra.
Mas todos os dirigentes do Fomc veem juro estável entre zero e 0,25% em 2020 e 2021. A taxa só será alterada se a inflação subir, resumiram os dirigentes da instituição.
O que você verá neste artigo:
Fed: juros estáveis até 2023
O Fed disse estar “comprometido em usar seu total arsenal de instrumentos para apoiar a economia, promovendo o máximo emprego e a estabilidade dos preços”.
Treze dirigentes veem juro entre zero e 0,25% em 2023. Dois integrantes do comitê sugerem subir as taxas para 0,25% e 0,50%, e um, entre 1,25% e 1,5%.
Para 2023, a maioria dos membros do Fomc vê estabilidade do juro nesses patamares.
O Fed prometeu, ainda, aumentar as compras de títulos nos próximos meses.
Justificativas do Fed
A instituição monetária lembrou que a pandemia do novo coronavírus provocou “um tremendo revés humano e econômico nos EUA e no mundo”
A atividade econômica e o emprego estão se recuperando nos últimos meses, pondera o Fed em comunicado, mas ainda continuam muito abaixo do início do ano
O Fed disse que pretende manter a política de juros perto do zero até os índices de emprego subirem. Aguardam ainda que a inflação fique em torno de 2%.
“Nos próximos meses, vamos aumentar compras de títulos, pelo menos, no ritmo atual”, anunciou o Fed.
“O Federal Reserve aumentará suas participações em títulos do Tesouro e títulos garantidos por hipotecas de agências, pelo menos no ritmo atual para manter o funcionamento do mercado”, explica o comunicado.
“Isso ajudará a promover condições financeiras acomodatícias, apoiando assim o fluxo de crédito para famílias e empresas”, acrescentou o Fed.
Os dirigentes argumentaram ainda que a atual crise sanitária — ainda com números altos nos EUA — continuará a pesar na atividade econômica, no emprego e na inflação no curto e médio prazos.
Diz o comunicado: “A pandemia de Covid-19 está causando enormes dificuldades humanas e econômicas nos Estados Unidos e em todo o mundo.”
E adiciona: “A demanda mais fraca e os preços do petróleo significativamente mais baixos estão mantendo a inflação dos preços ao consumidor.”
“As condições financeiras gerais melhoraram, em parte refletindo medidas de política para apoiar a economia e o fluxo de crédito para famílias e empresas americanas”, ressalva.
O comunicado prossegue: “A trajetória da economia dependerá significativamente do curso do vírus. A atual crise de saúde pública continuará a pesar sobre a atividade econômica, o emprego e a inflação no curto prazo e apresenta riscos consideráveis para as perspectivas econômicas no médio prazo.”
E conclui: “O Comitê espera manter uma postura acomodatícia da política monetária até que esses resultados sejam alcançados.
PIB e desemprego
O Fed fez projeções que incluem queda menor do PIB em 2020: de 6,5% para 3,7%. Para 2021, diminuiu o recuou de 5% para 4%
A previsão de taxa de desemprego em 2020 foi reduzida de 9,3% para 7,6%. Para 2021, diminuiu a projeção de 6,5% para 5,5%.
Fed prevê que juro fique em 2,5% nos EUA no longo prazo.
Reação do mercado
O mercado recebeu a divulgação do Fed com algum otimismo. Agora Dow Jones sobe 0,84%. S&P 500, avança 0,32%. Nasdaq cai 0,35%.
O Ibovespa tentou acompanhar ânimo de Nova York: estava em alta de 0,19%, aos 100.381,12 pontos, poucos minutos após o anúncio do Fed.
Agora o Ibovespa opera em queda de 0,58% e perde os 100 mil pontos (99.720,11 pontos).
O dólar cai 0,99%, a R$ 5,2369.
A curva de juros manteve o estresse com os riscos fiscais e as dificuldades do Tesouro para rolar a dívida pública.
Presidente do Fed garante juros inalterados
O presidente do Fed Jerome Powell concedeu entrevista coletiva após o anúncio da decisão da instituição.
Fez um balanço dos recentes dados divulgados da atividade econômica e como o Fed respondeu a esses indicadores.
Segundo Powell, o Fed “está comprometido em alcançar os objetivos de pleno emprego e de inflação (2%)”. Assegurou juros inalterados nos EUA até que “os objetivos de inflação e emprego sejam atingidos”.
Observou que a economia nos EUA tem melhorado desde o segundo trimestre. Powell afirmou que recuperação da economia pode exigir mais ações de política monetária e fiscal do governo.
O Fed anunciou operações de repo reversas com limite de US$ 30 bilhões ao dia e juro de 0%.
Powell alertou para o risco de desaceleração econômica caso os EUA não anunciem um programa fiscal após o fim da pandemia.
Hoje, no entanto, a Casa Branca sinalizou que pode apoiar um programa bipartidário de US$ 1,5 trilhão de estímulo à economia
Fed: decisão anterior
Na última decisão, em 29 de julho, o Fed também havia decidido pela manutenção das taxas de juros.
A instituição justificou manter as taxas de juros dizendo que a atividade econômica e emprego melhoraram nos últimos meses nos Estados Unidos, mas permanecem em patamares mais baixos dos registrados antes da pandemia.
O Fed acrescentou que os rumos da economia dependerão do novo coronavírus. Os números da pandemia vêm aumentando nas últimas três semanas, com altas em metade dos estados.
O comitê informou também que continuará comprando pelo menos US$ 120 bilhões em treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) e títulos lastreados em hipotecas todos os meses para estabilizar os mercados financeiros.
Momento desafiador
“O Federal Reserve está comprometido em usar toda a sua gama de ferramentas para apoiar a economia dos EUA neste momento desafiador”, anunciou o comunicado.
“O Comitê espera manter essa taxa de juros até ter certeza de que a economia resistiu a eventos recentes e está a caminho de alcançar suas metas máximas de emprego e estabilidade de preços”, acrescentou.
O Fed renovou sua promessa de juros baixos um dia antes da divulgação de relatório do governo que deve mostrar tombo recorde de 34% na produção econômica, em dado anualizado, no segundo trimestre.
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Autoridades adotaram restrições que fecharam empresas e mantiveram pessoas isoladas em tentativa de conter a disseminação do coronavírus.
Desde a última reunião de política monetária em junho, a epidemia se intensificou, com uma média de cerca de 65 mil novos casos detectados diariamente, cerca de três vezes o ritmo de infecções de meados de junho.
As mortes também estão aumentando, e tudo isso levou governadores da Califórnia, Texas e Flórida a impor novas restrições econômicas.