Com o desafio de reduzir seu endividamento, a CSN (CSNA3) está preparando algumas iniciativas que devem ocorrer ainda em 2020. Uma delas é a abertura de capital (IPO) do seu negócio de mineração, e outra é a venda de subsidiárias.
O objetivo da empresa é fazer a dívida líquida ficar abaixo de R$ 23 bilhões em 2021. Com isso, a relação entre dívida líquida e Ebitda (alavancagem) deve ficar abaixo de 3 vezes.
Para este ano, a meta é uma relação dívida líquida abaixo de 4 vezes, idealmente em 3,75 vezes.
“Atingir esta meta vai exigir a venda de ativos ou a abertura de capital de subsidiárias, ou ambos”, declarou o diretor de relações com investidores, Marcelo Cunha Ribeiro, em teleconferência com analistas.
Segundo ele, o momento é favorável para um IPO da área de mineração. Isso porque existe uma boa liquidez no mercado global, ao mesmo tempo em que o mercado de minério está positivo.
Vale destacar que o IPO da mineração da CSN é um assunto que se debate há muitos anos. Mesmo assim, ele disse que desta vez o projeto está no campo do “possível e provável”.
O executivo afirmou que também existe uma possibilidade de vender a subsidiária na Alemanha. “Houve uma pausa nestas conversas devido ao verão europeu, mas isso está nas cartas”, disse.
Outro assunto já conhecido do mercado que está em pauta é a venda de ações da Usiminas, de acordo com o porta-voz.
No segundo trimestre de 2020, a alavancagem da empresa ficou em 5,17 vezes. A dívida líquida somou R$ 33 bilhões.
Renegociação de dívidas da CSN
A CSN também continua negociando o alongamento das suas dívidas com as instituições bancárias.
A empresa já anunciou a renegociação com os bancos públicos. Com o Banco do Brasil, a renegociação foi de R$ 1,4 bilhão. Com a Caixa, somou R$ 300 milhões.
Nos próximos dois meses, deve ser anunciada uma iniciativa semelhante junto aos bancos privados.
“Vamos continuar lançando mão de iniciativas financeiras para reduzir alavancagem e vamos conseguir estender grande parte das amortizações de 2021 e 2022 já no segundo semestre.”
O cronograma de amortizações da CSN atual prevê R$ 1,5 bilhão em 2020 e R$ 3,9 bilhões de amortizações em 2021.
O executivo destacou que a política de dividendos da empresa continuará a ser a do dividendo mínimo obrigatório. Ou seja, 25% do lucro líquido.
Alavancagem é ponto de atenção
A alavancagem da empresa foi apontada pelo BTG como um ponto negativo hoje. Ao comentar o balanço da CSN, o BTG disse estar preocupado com a dívida líquida, que continua a subir, e agora está “muito elevada”.
De acordo com relatório, ainda há um longo caminho para atingir a meta de R$ 23 bilhões para 2021. Para o banco, o cronograma atual parece muito otimista.
Por isso, o BTG manteve recomendação neutra para as ações da CSN, enquanto espera a desalavancagem se concretizar.
Resultado operacional
Sobre os resultados operacionais, a companhia destacou que a retomada do setor industrial na China está sustentando os preços do aço a níveis “interessantes”. Ele destacou que o mercado chinês se tornou importador de aço pela primeira vez em junho deste ano.
A CSN afirmou que conseguiu fazer repasses de custos do aço de junho, e eles devem ser refletidos no próximo balanço.
Outro destaque foi o mercado de aços longos, que representou quase 10% do resultado da empresa no Brasil, graças a melhorias operacionais.
Na mineração, a CSN reiterou o guidance de 33 milhões a 36 milhões de toneladas de produção em 2020. “Estamos bem otimistas de que vamos ficar dentro desta faixa.”
Ao mesmo tempo, o segmento de cimento está passando por uma fase de recuperação, com a aceleração dos projetos de construção civil no Brasil, de acordo com a companhia. “Os projetos que estavam parados se aceleraram e vimos em junho um crescimento que não se via há muitos anos”, declarou.






