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Copom mantém Selic em 15% e reforça cautela

Copom mantém Selic em 15% e reforça cautela

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (17), manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano. A decisão, que já era amplamente esperada pelo mercado, representa a segunda manutenção consecutiva do patamar, reforçando a avaliação de que o cenário econômico ainda exige prudência.

Em comunicado divulgado após a reunião, o Copom destacou que o ambiente externo continua marcado por incertezas, sobretudo em função da política econômica dos Estados Unidos e da volatilidade nos mercados globais, amplificada por tensões geopolíticas. Segundo o colegiado, esse contexto impõe desafios adicionais a países emergentes como o Brasil.

gráfico com evolução da Selic
Reprodução/EQI Investimentos

No cenário doméstico, o Banco Central reconheceu sinais de moderação no crescimento da atividade, mas ressaltou a resiliência do mercado de trabalho. Apesar da desaceleração, os indicadores de inflação seguem pressionados e acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

As projeções do boletim Focus para 2025 e 2026 apontam inflação de 4,8% e 4,3%, respectivamente, ambas acima do centro da meta de 3%. Já a projeção do próprio Copom para o primeiro trimestre de 2027, horizonte considerado relevante para a política monetária, está em 3,4%.

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Copom mantém Selic em 15%: Riscos para a inflação

O colegiado também chamou atenção para riscos elevados em ambas as direções. Entre os fatores de alta para a inflação, citou a possibilidade de desancoragem prolongada das expectativas, maior resiliência dos preços de serviços e uma eventual depreciação persistente do câmbio. Do lado oposto, uma desaceleração mais intensa da economia doméstica ou global, assim como a queda dos preços das commodities, poderiam ter efeito desinflacionário.

Outro ponto de monitoramento é o impacto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e os desdobramentos da política fiscal doméstica. Esses elementos, segundo o Copom, reforçam a necessidade de manter a política monetária em terreno “significativamente contracionista por período bastante prolongado” para assegurar a convergência da inflação à meta.

“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o comunicado.

O comunicado ainda enfatiza que os próximos passos poderão ser ajustados caso o colegiado considere necessário retomar o ciclo de aperto monetário.

A decisão foi unânime entre os nove membros do Copom, incluindo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Tá, e aí?Stephan Kautz

A decisão do Copom de manter a Selic em 15% veio em linha com o esperado. O que chamou a atenção, na visão de Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, foi o tom do comunicado: bastante duro, sem abrir espaço para interpretações mais dovish em nenhum dos pontos destacados.

“No cenário internacional, o Copom até poderia ter classificado o ambiente como mais benigno, já que o real se valorizou de forma relevante desde a última reunião. Ainda assim, o comunicado ressaltou que o ambiente externo continua incerto. Em relação à atividade doméstica, que mostrou desaceleração no período, o comitê avaliou que o movimento veio dentro do previsto”, pontua Kautz.

Mesmo os núcleos de inflação, que apresentaram melhora recente, continuam acima da meta, segundo a avaliação do BC. Um detalhe relevante foi a manutenção da projeção de inflação para o primeiro trimestre de 2027, considerado o horizonte relevante. O mercado esperava algum ajuste — de 3,4% para 3,3% ou até 3,2% — mas o Copom preferiu não revisar, mesmo diante da queda do câmbio e da fraqueza da atividade. Esse posicionamento reforça o caráter mais restritivo da comunicação.

Ao tratar dos próximos passos, o comitê afirmou que ainda avaliará se o atual nível da Selic é suficiente para trazer a inflação ao centro da meta.

“A mensagem implícita é de que, mesmo em 15%, os juros podem não estar no patamar adequado. Nossa leitura, compartilhada pela curva de mercado, é de que esse nível já é suficiente. No entanto, o BC parece estar conduzindo uma transição gradual em sua comunicação. Não há intenção de retomar o ciclo de alta, mas tampouco quer deixar margem para interpretações que antecipem cortes”, avalia.

Para o economista-chefe, os primeiros cortes só devem ocorrer em janeiro de 2026. Até dezembro deste ano, o tom continuará duro, com um processo de transição lento até que o Copom se sinta confortável com o cenário de inflação.

Confira vídeo com a análise completa:

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