O dólar ainda engrenou alta no início desta semana, tal como na sexta-feira (9). Nesta segunda-feira (12), o avanço foi de 0,84%, cotado a R$ 5,7224, maior valor desde 30 de março, ainda de olho nos números tristes da pandemia no Brasil, e na possível tempestade política com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado Federal.
“Possível” porque não se consegue ainda calcular o tamanho do estrago que a CPI determinada pelas assinaturas conseguidas pelos senadores e referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pode causar ao governo e ao andamento das pautas desejadas pelos agentes do mercado financeiro. Pode acontecer tudo, com o governo lutando desesperadamente para sair das cordas. E pode não acontecer nada, com o Centrão aliado do governo Jair Bolsonaro (sem partido) conseguindo mais cargos e dinheiro de emendas e desligando os holofotes da oposição.
Por enquanto, o que se sabe que é os vetos do Orçamento 2021, que têm data-limite de 22 de abril para o parecer do presidente da República, estão diretamente ligados a como vai nascer a CPI. Então, aguarda-se.
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- segunda-feira (12): +0,84% a R$ 5,7224
- semana : +0,84% a R$ 5,7224
O que você verá neste artigo:
Inflação
Na sexta-feira (9), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do país, fechou o mês de março com alta de 0,93%. O resultado representa a maior alta do índice desde 2015. No entanto, ele ficou abaixo da projeção do mercado, que era de alta de 1% no mês. Em fevereiro, o indicador havia variado 0,86%. No ano, o IPCA acumula alta de 2,05% no ano.
Nos últimos 12 meses, o avanço do IPCA é de 6,10%. Ou seja, acima do intervalo de tolerância da meta do Banco Central, que é 5,25%. O resultado do IPCA impacta nas decisões da Selic, taxa básica de juros. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir Selic acontece em maio e é aguardado um novo aumento de 0,75 ponto porcentual para a taxa.
Já o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), da FGV, que reajusta o aluguel, variou 0,50% na primeira prévia de abril. O consenso era 1,91%. No mesmo período de março, o índice havia registrado alta de 1,95%. Com o resultado, o índice chega a 8,8% no ano e 30,70% em 12 meses.
Opinião do BC
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), participou hoje de um evento com outros presidentes de BCs da América Latina, e traçou um panorama sobre inflação.
Na visão de Campos Neto, um cenário combinado entre valorização de commodities e depreciação cambial acabou gerando um avanço acelerado da inflação.
“Vimos os preços das commodities subindo com moedas dos países produtores dessas commodities não performando bem, na verdade até performando mal… A gente tem inflação subindo no mundo emergente, com destaque no Brasil e Turquia, e aí tem uma diferenciação dos países emergentes, que têm peso de alimentos maior e não contrabalanceado pela moeda”, disse.
Agro forte
Atestando a visão de Campos Neto, o Ministério da Agricultura revisou – para cima – as projeções sobre a Agropecuária para 2021. De acordo com o novo relatório, divulgado hoje, a expectativa é bastante positiva.
Segundo o Ministério, o Valor Bruto da Produção (VBP) deve passar de R$ 1 trilhão até o fim de dezembro.
O aumento, em valores reais, será de 12,4% em relação ao registrado em 2020 – R$ 1,058 trilhão contra R$ 940,9 bilhões.
E o dólar?
Nos Estados Unidos, recuperação da economia, uma bem-sucedida campanha de vacinação e liquidez com um novo pacote de auxílio de US$ 1,9 trilhão. No Brasil, recrudescimento da pandemia, risco fiscal crescente e uma provável eleição bastante polarizada em 2022.
Todos estes fatores atuam sobre o câmbio e todos querem saber o que vai acontecer com o dólar daqui em diante. Pois bem: as projeções até fevereiro eram de enfraquecimento do dólar. Mas houve uma reviravolta no cenário todo. Agora, o contexto é de alta do câmbio, dadas as muitas incertezas, especialmente no cenário interno.
O BTG Pactual (BPAC11), por exemplo, revisou de R$ 5,20 para R$ 5,40 sua projeção de câmbio até o final de 2021. Vale citar que, um mês atrás, a expectativa era por dólar a R$ 4,90 até dezembro.
Segundo o banco, a revisão decorre, especialmente, da deterioração do cenário doméstico, com recrudescimento da pandemia, perspectiva de eleição presidencial mais polarizada e maior risco fiscal.
A aceleração da curva de contágio da Covid-19 no Brasil, com o agravante da nova variante do vírus, prejudica a economia brasileira e o real. E o ritmo moderado de vacinação adiciona incerteza à trajetória de recuperação do país.
Os riscos são muitos.
*Com BDM e CNBC