O Copom (Comitê de Política Econômica do Banco Central) anunciou, nesta quarta (16), que irá manter a taxa Selic em 2%.
A decisão ocorre após nove cortes consecutivos da taxa de juros.
O último corte da Selic, de 2,25% para 2%, realizado na reunião de agosto, reduziu a taxa ao seu piso histórico .
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Em termos comparativos, em agosto de 2016, a taxa básica era de 14,25%. Mas já chegou a 45%, em março de 1999.
O Copom se reúne de 45 em 45 dias. Desse encontro é que saem as definições sobre política monetária.
Espaço para novos cortes
No comunicado desta quarta, o comitê reconhece espaço para novos cortes, que dependerão da trajetória fiscal e da inflação.
“O Copom entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado”, diz o comunicado
“Mas admite que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”, prossegue.
“Eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”.
“De forma a prover o estímulo monetário considerado adequado para o cumprimento da meta para a inflação, mas mantendo a cautela necessária por razões prudenciais, o Copom considera apropriado utilizar uma “prescrição futura”, acrescenta o comunicado.
“O Copom não pretende reduzir o grau de estímulo monetário, a menos que as expectativas de inflação estejam suficientemente próximas da meta de inflação”, complementa.
Decisão por unanimidade
A decisão do comitê foi por unanimidade.
“A decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021 e, em grau menor, o de 2022”, adicionou.
O comitê avalia que a conjuntura econômica justifica “estímulo monetário extraordinariamente elevado”.
O espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno.
Fatores de risco
Em seu cenário básico para a inflação, existem fatores de risco em ambas as direções.
“Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional.”
De acordo com o Copom, por outro lado, políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar o risco.
“Esse conjunto de fatores implica, potencialmente, uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.”
Inflação
Em nota, o Copom informou que a inflação deve se elevar no curto prazo, principalmente por causa do movimento de alta temporária nos preços dos alimentos e a normalização parcial do preço de alguns serviços, no contexto de retomada maior da atividade econômica.
Explica: “Contribuem para esse movimento a alta temporária nos preços dos alimentos e a normalização parcial do preço de alguns serviços em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade”.
As projeções do Copom para este ano (2,1%) estão mais elevadas do que as da Focus (1,9%), mas mais baixas para 2021 (2,9% contra 3,0%) e para 2022 (3,3% contra 3,5%).
Copom pede reformas
O Copom entende que reformas e ajustes necessários na economia brasileira são vitais para uma recuperação sustentável da economia.
O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.
Expectativa do mercado
A expectativa majoritária no mercado era de que o Copom mantivesse a taxa de juros básica (Selic) em 2%, depois do corte de 0,25 ponto porcentual realizado no início de agosto.
A aposta de que a taxa básica de juros (Selic) estava consolidada pelo mercado.
A análise predominante era de que, com a inflação abaixo da meta do governo (4%) e a necessidade de estimular o consumo, o cenário para o novo corte está formado.
A dúvida que ainda resta é se esta será a última redução do ano. Ou se ainda pode haver mais espaço para cortes.
Mas, além da definição da taxa, interessava aos investidores o comunicado que acompanhará a decisão de política monetária.
O corte da taxa de juros significa que os rendimentos da renda fixa, especialmente os vinculados à Selic, deixam de ser tão atrativos.
Neste contexto, o mercado de ações ganha destaque, assim como os fundos imobiliários e o Tesouro Direto – especialmente os indexados à inflação.
Em sentido contrário, quando a Selic sobe, a renda fixa volta a ficar atraente.
O que é a Selic?
A Selic, taxa básica de juros, é usada como referência para todo empréstimo ou financiamento no país. Ela é também o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação.
Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato. E isto incentiva a produção e o consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Em sentido contrário, quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, seu objetivo é conter a demanda aquecida. Isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Então, a alta atual da inflação deve impactar a Selic?
Nos últimos dias, a inflação voltou ao noticiário, com o arroz se destacando entre os maiores aumentos.
Para analistas, a alta era o argumento que faltava para as apostas se firmarem pela manutenção da Selic em 2%. Para eles, um novo corte seria desfavorável em um momento de alta do preço dos alimentos.
“As preocupações com a escalada da inflação após prévias do IGP-M, apesar do IPCA de agosto em linha com esperado, ancoraram as expectativas de manutenção da Selic em 2%”, afirma o Bradesco BBI em relatório.
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Copom: taxa no menor nível na série histórica
A Selic se mantém no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015.
Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. Voltou a ser reduzida em julho de 2019.
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Crédito mais barato
A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.
Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.
Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.
Taxa de juros
O Banco Central atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.
A Selic, que serve de referência para os demais juros da economia, é a taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia.
Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de ficar acima da meta de inflação.
Quando o Copom aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Meta
A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%.
Para 2021, a meta é 3,75%, também com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
As instituições financeiras consultadas pelo BC projetam inflação menor que o piso da meta, em 2020. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é 1,63% este ano. Para 2021, a estimativa é 3%, abaixo do centro da meta (3,75%).