O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou nesta quarta (28) que irá manter a taxa Selic em 2% ao ano, mínima histórica.
A decisão era aguardada pelo mercado.
No comunicado, o Copom afirmou que “entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado”.
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Acrescenta: “O Comitê reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno.”
O que você verá neste artigo:
Pressão inflacionária
O comunicado fala em pressões inflacionárias, riscos fiscais e defende reformas. Não descartou cortes adicionais da Selic.
O Comitê pondera que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco.
Em nota, o Copom informou que, apesar da alta observada no preço dos alimentos e de itens industriais, o efeito sobre a inflação será temporário.
O órgão, no entanto, aumentou a projeção para a inflação oficial em 2020, de 2,1% em setembro para 3,1% agora.
Esse cenário supõe a manutenção dos juros básicos em 2% ao ano e dólar em torno de US$ 5,60.
Perspectivas econômicas
Sobre as perspectivas econômicas, o comunicado ressaltou que o ressurgimento da pandemia de covid-19 em diversos países tem provocado a desaceleração da retomada em diversas economias.
No cenário interno, o Copom informou que a recuperação segue desigual conforme os setores da economia e que a incerteza permanece acima da usual, sobretudo para o período de fim de ano, com a redução do auxílio emergencial.
“Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado, notadamente quando essa ociosidade está concentrada no setor de serviços”, diz o comunicado.
“Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional”, complementa.
Copom: choque é “temporário”
Em relação às pressões inflacionárias apontadas por índices como o IPCA e o IPCA-15, o Copom entende que choque é “temporário”:
“As últimas leituras de inflação foram acima do esperado, e o Comitê elevou sua projeção para os meses restantes de 2020.”
Contribuem para essa revisão a continuidade da alta nos preços dos alimentos e de bens industriais, consequência da depreciação persistente do real, da elevação de preço das commodities e dos programas de transferência de renda.
Apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o Comitê lembra que monitora a evolução.
Copom menciona riscos fiscais
O comunicado prossegue: “Por outro lado, o prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco.”
O risco fiscal elevado, argumenta o Copom, segue criando “uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.”
O Comitê considera adequado o atual nível de estímulo monetário que vem sendo produzido pela manutenção da taxa básica de juros em 2,00% a.a. e pelo forward guidance adotado em sua 232ª reunião, diz o comitê.
O Copom diz que não pretende reduzir o grau de estímulo monetário desde que determinadas condições sejam satisfeitas.
Copom pede reformas
“O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”, afirma o comunicado.
“O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.”
Expectativa
A expectativa era em relação ao comunicado do comitê, num cenário de inflação alta em meio a números que indicam a retomada da economia, indefinição sobre o orçamento de 2021 e as reformas, além da política do governo sobre gastos públicos.
O último corte da Selic, de 2,25% para 2%, realizado na reunião de agosto, reduziu a taxa ao seu piso histórico.
Na reunião de 16 de setembro, o BC interrompeu a série de nove cortes e manteve a Selic no mesmo patamar.
Em termos comparativos, em agosto de 2016, a taxa básica era de 14,25%. Mas já chegou a 45%, em março de 1999.
No entanto, diante das incertezas fiscais, a expectativa de manutenção dos 2% até meados de 2021 já não se mantém.
Selic deve ficar em 2%, mas a pergunta é: até quando?
Com a decisão de hoje, a Selic está no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986.
Em julho de 2015, a taxa chegou a 14,25% ao ano.
Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018.
Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto deste ano.
Meta de inflação
Para 2020, o Conselho Monetário Nacional fixou meta de inflação de 4%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O IPCA, portanto, não poderá superar 5,5% neste ano nem ficar abaixo de 2,5%. A meta para 2021 foi fixada em 3,75%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que o IPCA fecharia o ano em 2,1% no cenário base. Esse cenário considera as estimativas de mercado.
A projeção, no entanto, ficou defasada diante do repique da inflação nos últimos meses.
De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 2,99%.
Próxima reunião
A última reunião deste ano do Copom será nos dias 8 e 9 de dezembro.
Segundo a pesquisa mais recente do BC ao mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic se mantenha em 2% ao ano até o final de 2020.
Para o fim de 2021, estima-se que a taxa básica chegue a 2,75% ao ano.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro.
No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Referência
A Selic, que serve de referência para os demais juros da economia, é a taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).
O Banco Central atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.
Ao manter a Selic no mesmo patamar, o Copom considera que as alterações anteriores nos juros básicos foram suficientes para chegar à meta de inflação, objetivo que deve ser perseguido pelo BC.
Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo.
Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de ficar acima da meta de inflação.
Quando o Copom aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Meta de inflação
A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,5% e o superior, 5,5%.
Para 2021, a meta é 3,75%, também com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
As instituições financeiras consultadas pelo BC projetam inflação maior que o piso da meta, em 2020.
A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é 2,99%, este ano. Para 2021, a estimativa é 3,10%.
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