A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) reduziu de 3,9% para 3,5% a expectativa em torno do crescimento do varejo para 2021.
O relatório do órgão está em linha com o que foi divulgado nesta quarta (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou queda de 6,1% nas vendas do setor.
José Roberto Tadros, presidente da CNC, creditou os desempenhos abaixo do esperado da economia e do comércio à evolução da pandemia do novo coronavírus.
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“A desaceleração das vendas no último mês de 2020 sinalizou claramente a necessidade de se acelerar o processo de imunização da população”, afirmou Tadros.
“Por mais que tenhamos tido um avanço com relação ao comércio eletrônico recentemente, o varejo é um setor que ainda depende significativamente do consumo presencial”, completou.
2020 cresceu pouco, segundo CNC
A pandemia influenciou muito no volume de vendas no varejo em 2020. De acordo com os dados divulgados, o crescimento em relaçã a 2019 foi de 1,2%. O pior nesta base comparativa desde 2017, quando o País ainda sentia os efeitos da recessão.
Os principais destaques do ano conturbado pela pandemia foram os que fornecem serviços essenciais e, por isso, não estiveram sujeitos às restrições: hiper e supermercados (+4,8%) e artigos farmacêuticos (+8,3%), além de segmentos voltados para o consumo doméstico, como materiais de construção (+10,8%) e móveis e eletrodomésticos (+10,6%).
Na outra ponta estão os segmentos que tiveram que fechar as portas durante a pandemia e, com isso, viram o faturamento real cair.
Nesse grupo encaixam-se lojas de tecidos, vestuário, calçados e acessórios (-22,7%). Os postos de combustíveis também registraram queda (-9,7%), mas não por terem fechado, e sim pela restrição da circulação de consumidores.
“A disponibilização do auxílio emergencial e o crescimento das vendas on-line foram fundamentais para permitir o avanço em um ano no qual a economia apresentou contração de mais de 4% em comparação com o ano anterior”, destacou Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela análise.
Dezembro foi o pior da história
O relatório apontou que as vendas em dezembro recuaram 6,1% e foram as piores da série histórica, iniciada em 2000.
De acordo com a CNC, todos os segmentos pesquisados apresentaram retrações, com destaques negativos para lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (-13,8%); vestuário (-13,3%); e materiais de escritório, informática e comunicação (-6,8%).
“Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, por exemplo, o volume de vendas de novembro (+3,6%) cresceu em um ritmo notadamente mais fraco do que aquele percebido até outubro (+8,4%). Em dezembro (+1,2%), a desaceleração foi ainda mais significativa, sugerindo que, como o fim do programa a partir de janeiro de 2021, o setor tende a colher resultados ainda mais fracos”, concluiu o economista da CNC.