Em teleconferência do departamento de relacionamento com investidores realizada nesta segunda-feira (27), o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, admitiu que ficou “chocado e desapontado” com o anúncio de desistência de parceria feito pela Boeing.
Mas garantiu que a empresa segue “firme e forte” e que tem condições de encarar as dificuldades que se apresentarão ao setor aéreo neste ano de coronavírus.
Boeing desiste do acordo
A Boeing anunciou no sábado (25) que encerrou suas tratativas de acordo para compra da área de jatos comerciais da Embraer, por US$ 4,2 bilhões.
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Segundo o comunicado da fabricante de aeronaves americana, a companhia exerceu seu direito de rescisão depois que a Embraer não satisfez as condições necessárias. No entanto, não especificou quais seriam tais condições. A Embraer alega quebra de contrato e diz que buscará compensações cabíveis.
“Ficamos desapontados. Como as duas empresas afirmaram por diversas vezes, era uma aliança em que ambas ganhavam. Mas vamos buscar a compensação financeira pela quebra do acordo”, reafirmou.
“A Embraer é uma empresa eficiente e diversificada, mundialmente conhecida pela capacidade e competitividade”, complementou.
Às 11h25, as ações da companhia registravam a maior queda do Ibovespa, com perda de 14,13%, cotada a R$ 7,11, enquanto a bolsa subia mais de 3%.
CEO prevê recuperação em 2021
Ele garantiu que a Embraer tem liquidez suficiente e acesso a fonte de financiamento para dar continuidade aos negócios. “Saberemos superar as dificuldades”.
Ainda ontem (26), a empresa comunicou que estava tomando medidas adicionais para “preservar a liquidez e manter as finanças sólidas em tempos turbulentos”.
De acordo Francisco Gomes Neto, a Embraer terminou 2019 com uma “sólida posição de caixa”. E não possui “dívida significativa” pelos próximos dois anos. Ele aposta na venda de jatos regionais para este ano, com avanço nas vendas pós-coronavírus. Admite que 2020 será um ano difícil, mas acredita em uma recuperação em 2021.
Bradesco reduz recomendação da Embraer
Hoje cedo, o Bradesco BBI reduziu a recomendação da Embraer de “outperform” para “underperform”.
Segundo os analistas que assinam a avaliação, a parceria com a Boeing seria um “divisor de águas” para a Embraer. E, agora, ela precisará seguir sozinha em um cenário de coronavírus e de competição com a Airbus no mercado de jatos regionais.