O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em sua live de todas as quintas-feiras, atacou mais uma vez as urnas eletrônicas, sistema de votação brasileiro utilizado desde 1996. Porém, ao contrário do prometido antes da transmissão, não apresentou uma única prova sobre as alegadas fraudes das urnas.
Bolsonaro citou “indícios fortíssimos”, mas apenas apresentou denúncias vazias e reportagens antigas de televisão, com as mesmas denúncias.
Ele afirmou que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, não quer o voto impresso. Barroso também é ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Entretanto, na verdade, a proposta sobre a impressão do voto, atrelado à urna eletrônica, como os bolsonaristas apresentaram na Câmara dos Deputados, deve ser derrotada pelo Congresso, em união rara entre vários partidos políticos. Entre eles o PP, do agora ministro da Casa Civil e líder do Centrão, grupo de partidos fisiológicos, senador Ciro Nogueira (PI).
Resposta de Barroso
Mais cedo, Barroso questionou a urna com voto impresso: “ele é menos seguro porque precisa ser transportado. Estamos falando de 150 milhões de votos. Há regiões com milícias, roubo de cargos. Transportar votos, armazenar votos. Isso é um filme de terror”.
“O sistema atual consagra a democracia e uma das características da democracia é reconhecer que outro que pensa diferente de mim pode ganhar”, disse. “Ninguém tem paixão por urnas, mas sim por eleições livres e limpas”, completou.
As urnas eletrônicas são auditáveis desde a primeira versão, mesmo sem a impressão de voto. Representantes de todos os partidos participam do processo, do começo ao fim.
Além disso, não é possível um hacker mudar o voto de qualquer eleitor. Isso porque a urna simplesmente não tem acesso à Internet, o levaria o invasor a ter acesso físico e manual à urna e combinar com toda a cadeia dentro da Justiça leitoral.
As “provas” de Bolsonaro
O presidente não apresentou nenhum fato novo e concreto de que as urnas eletrônicas podem ser ou já foram invadidas e os resultados, alterados.
Utilizou apenas reportagens antigas e relatos de ou outro eleitor que não conseguiu votar em seu candidato escolhido.
Pior: fez alegações de que os mesmos ministros do STF que voltaram a dar elegibilidade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) são os que “vão contar os votos na sala secreta do TSE”, insinuando que a eleição já está decidida pelo próprio STF.
Ele também distorceu a matemática e a estatística, insinuando que um problema de transmissão de dados na eleição de 2020 para prefeitura de São Paulo “provou” a sua linha de raciocínio. Para ele, o fato de os candidatos terem o mesmo percentual de votos no começo e no fim da apuração é “improvável”.
“O sistema eleitoral é inauditável. Não dá para comparar se houve ou não fraude nas eleições”, afirmou. “Tá na cara que querem fraudar. De novo. Geralmente quem está no poder faz as artimanhas, eu tô fazendo justamente o contrário. Eleições democráticas são aquelas que você confirma o seu voto”.
Ele ainda reafirmou, e levou um homem identificado como “Eduardo” para corroborar suas ilações, que de fato ganhou a eleição de 2018 no primeiro turno e que Aécio Neves (PSDB-MG) venceu Dilma Rousseff (PT-MG) em 2014. De novo, sem apresentar provas.






