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Bancos travam corrida digital para fidelizar clientes

Bancos travam corrida digital para fidelizar clientes

Bancos e fintechs vêm protagonizando uma verdadeira corrida digital nos últimos meses. Instituições antes só dedicadas a investimentos lançam contas no varejo. Quem era do varejo, foca agora também em investimentos. Aquisições de startups, novas parcerias, lançamentos de plataformas e inovações têm roubado o noticiário e isso acontece por uma só razão: concorrência pelo cliente.

Ontem, duas operações neste setor movimentaram o mercado. Uma delas foi a aquisição de 60% da corretora Toro Investimentos pelo Santander. Ao mesmo tempo, o Bitz, carteira digital lançada pelo Bradesco no dia 14, anunciou ontem a aquisição da DinDin, fintech que atua no mesmo segmento desde 2016.

Além de ser motivado por uma mudança no comportamento do consumidor, cada vez mais digital, este movimento é reflexo de um projeto adotado há algum tempo pelo Banco Central.

A instituição tem procurado estimular a competitividade entre as instituições financeiras. E, com isso, buscar uma queda nos juros praticados, atraindo e incluindo financeiramente uma parcela considerável da população que vive à parte do sistema bancário.

Agenda apertada para mudanças

Na prática, os bancos estão tendo que se adaptar a uma agenda apertada de open banking e PIX para não ficar para trás. “Quanto mais a instituição conseguir acompanhar a jornada do cliente até o final, atendendo a todas as suas necessidades, maiores serão as chances de fidelização”, afirma Fabricio Winter, sócio e líder de projetos na consultoria Boanerges & Cia, especializada em varejo financeiro.

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Neste sentido, chama a atenção os movimentos recentes para aumentar a oferta de soluções de investimento. O Santander anunciou a aquisição de 60% da corretora Toro Investimentos.

Nos últimos cinco meses, a Toro foi de 20ª para 12ª colocada na bolsa de valores em volume de negócios. A compra foi feita pela subsidiária Pi, outra corretora pertencente ao Santander, lançada ano passado como uma plataforma aberta de investimentos 100% digital.

O Nubank, que nasceu banco digital de varejo, foi outro a despertar para o potencial dos investidores. Ele adquiriu a Easynvest, corretora digital com 1,5 milhão de clientes. De acordo com o Nubank, a meta será “descomplicar” o mundo dos investimentos e democratizar os serviços financeiros.

Antes disso, em julho, o Neon fechou a compra da corretora Magliano Invest, a corretora mais antiga do mercado.

Em sentido contrário, o BTG Pactual (BPAC11), antes dedicado apenas a investimentos, anunciou o seu avanço na área de varejo. A instituição lançou dois bancos digitais.

O BTG+ será um banco de varejo transacional completo, voltado à pessoa física. E o BTG+ business trará soluções, por meio da plataforma digital, para pequenas e médias empresas.

Meio de pagamento agora é chamariz

Na corrida dos bancos, oferecer PIX e contas digitais sem tarifa de manutenção virou obrigação e aproximou ainda mais os bancos das fintechs.

Por exemplo, o Santander apostou em uma nova plataforma de pagamentos, a SX, pegando carona no lançamento do PIX. Além disso, investiu pesado em publicidade. Com campanha nas redes sociais e na televisão, o banco fez com que as buscas por PIX e SX disparassem no Google.

Também de olho no PIX, o Bradesco lançou uma carteira digital de pagamentos, chamada Bitz, voltada aos desbancarizados. E logo na sequência já comprou outra do mercado: a DinDin.

A intenção do Bradesco é que o Bitz abocanhe 25% no segmento das carteiras digitais em três anos. Vale lembrar que, há três anos, o Bradesco lançou seu banco digital, o Next.

Tudo isto acontece porque já ficou claro às instituições que os meios de pagamento não são mais fonte de renda. Agora, eles são o chamariz para atrair o cliente.

“Meio de pagamento virou uma forma de relacionamento. A rentabilidade virá dos outros produtos, como crédito e seguros”, diz Winter.

Bancarização pode gerar 20 milhões de novas contas

Com o pagamento do auxílio emergencial durante a pandemia, foi possível ter uma ideia do potencial de bancarização do país.

De acordo com a Caixa Econômica Federal, 20 milhões de beneficiários não tinham conta bancária para receber o “coronavaucher”.

Por sua vez, o Morgan Stanley estima que o potencial é de 20 milhões a 45 milhões de novas contas.

A dúvida que resta é se este contingente irá gerar lucro aos bancos. Isto porque ele é formado por pessoas que seguiram, até aqui, à parte do sistema bancário. Além disso, são pessoas que encontram sérias restrições a serviços como crédito.

Entretanto, mesmo que não haja um ganho imediato para os bancos, todos querem aumentar sua parcela de clientes. “A pergunta hoje não é ‘o que eu posso fazer’, mas ‘e se eu não fizer?'”, diz Winter, salientando o quanto o cenário é incerto.

Contexto de open banking e PIX

Duas novidades integram o projeto de competitividade do BC: o open banking e o PIX. Com o primeiro, que deve estar em funcionamento até outubro do ano que vem, o BC quer implementar um sistema de troca de dados automático entre instituições financeiras.

Desta forma, os bancos serão obrigados a compartilhar informações sobre renda e histórico de empréstimo dos clientes. Tais informações viabilizarão uma concorrência na oferta de crédito, gerando taxas de juros mais baratas e tornando o serviço financeiro mais atraente para o consumidor final.

Já com a entrada em vigor do PIX, a partir de novembro deste ano, outro importante passo é dado pelo Banco Central em direção à bancarização dos brasileiros.

Com o novo meio de pagamento, o BC acredita que os consumidores se sentirão incentivados a abrir uma conta em banco para poder usufruir das facilidades dessa novidade. Isto porque o PIX é digital, gratuito, instantâneo e funciona 24 horas, sete dias por semana.